segunda-feira, 26 de março de 2012

Mercosul, União Europeia, ALCA, NAFTA e APEC: saiba tudo sobre esses blocos econômicos.

Blocos Econômicos


      São grupos de países que tem por objetivo a integração econômica e/ou social.

      Veja abaixo alguns dos principais Blocos Econômicos.

Foto dos presidentes dos países integrantes do Mercosul


ALCA
Países: 34 países do continente americano. Exceto Cuba.
Criação: 1994l.
PIB total: US$ 12,6 trilhões
População: 825,3 milhões
Objetivo: Trânsito
livre pelas fronteiras de bens, serviços e investimentos. Prevê a isenção de impostos alfandegários para a maioria dos itens de comércio entre os países associados.
Para quem será positivo: Os países competitivos serão os maiores beneficiados, principalmente no gigantesco mercado de consumo dos Estados Unidos. Investimentos em tecnologia que aprimorem a eficiência do processo produtivo, principalmente nos países subdesenvolvidos serão extremamente necessários.
Para quem será negativo: Países que não são competitivos, ou seja, não possuem tecnologia e falta uma boa educação no país. Esses países poderão ver seus produtos perderem mercado nacional para os produtos “de fora”.

 

APEC

Países: 17 países e um território: Austrália, Brunei, Canadá, Indonésia, Japão, Malásia, Nova Zelândia, Filipinas, Cingapura, Coréia do Sul, Tailândia, EUA, China, Hong Kong, Taiwan, México, Papua Nova Guiné e Chile.
Criação: 1989
PIB Total: US$ 14,1 trilhões
População: 2.217 milhões
Objetivo: Pretende ser uma união aduaneira com tarifas zero até 2020.
Observação: É considerado o maior bloco econômico do mundo e domina 46% das exportações mundiais.

 

MERCOSUL

Países: Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Paraguai, Uruguai e Venezuela.
Criação: 1991
PIB Total: US$ 0,79 trilhão
População: 217,8 milhões
Objetivo: Em 1995 entrou em vigor uma zona de livre-comércio, ou seja, grande parte das mercadorias produzidas nos países membros podia ser comercializada internamente sem a cobrança de tarifas de importação.

Além disso, o Mercosul prevê a criação de uma união aduaneira. Isso significa a padronização das tarifas externas (TECs) para diversas mercadorias. Portanto, os países integrantes poderão importar produtos e serviços, pagando tarifas iguais.

 

NAFTA

Países: Estados Unidos, México e Canadá.
Criação: 1994
PIB Total: US$ 11,4 trilhões
População: 417,6 milhões de habitantes
Objetivos: Eliminar tarifas alfandegárias e obstáculos para circulação de bens e serviços; garantir a competição leal, no interior do bloco, para mão-de-obra especializada. Prevê um prazo de 15 anos para alcançar a eliminação dos obstáculos.

 

União Europeia

Países: É formada por 25 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Suécia.
Criação: 1991
PIB Total: US$ 9,2 trilhões
População: Aproximadamente 500 milhões de habitantes.
Objetivo: Eliminação do controle das fronteiras dos países participantes, de modo que permita o livre trânsito de pessoas entre os países; fim das barreiras comerciais, proporcionando uma economia livre e concorrencial; adoção da moeda única em 2002, o euro passa a ser a moeda oficial da União Europeia, extinguindo as moedas nacionais dos países membros que passam a ter o euro como moeda oficial.


Leia um resumo sobre o que é GLOBALIZAÇÃO.

A     Globalização é um processo de integração econômica, cultural, social e política. Esse fenômeno é gerado pela necessidade do capitalismo de conquistar novos mercados, principalmente se o mercado atual estiver saturado.
      A intensificação da globalização aconteceu na década de 70, e ganha grande velocidade na década de 80. Um dos motivos para essa aceleração é o desenvolvimento de novas tecnologias, como por exemplo, no ramo da comunicação.

      Como ocorre a globalização?

      Veja o exemplo abaixo para ter uma idéia de como acontece a globalização, e o que é ela.
      • O produtor efetua a compra da matéria-prima de qualquer lugar do mundo, onde ela seja barata e de boa qualidade.
      • Instala a sua fábrica aonde a mão de obra é mais barata. O lugar não importa muito para onde serão vendidos os produtos.
      • Após a fabricação do produto, o produtor distribui sua mercadoria para qualquer lugar do mundo que ele desejar.

      Em suma, na globalização você pode comprar um produto que foi fabricado do outro lado do mundo, como por exemplo China, mas utilizando a matéria-prima que foi comprada em outro país.

      A globalização é a fase mais avançada do capitalismo.


      A globalização é um fenômeno social que ocorre em escala global. Esse processo consiste em uma integração em caráter econômico, social, cultural e político entre diferentes países.
      A globalização é oriunda de evoluções ocorridas, principalmente, nos meios de transportes e nas telecomunicações, fazendo com que o mundo “encurtasse” as distâncias. No passado, para a realização de uma viagem entre dois continentes eram necessárias cerca de quatro semanas, hoje esse tempo diminuiu drasticamente. Um fato ocorrido na Europa chegava ao conhecimento dos brasileiros 60 dias depois, hoje a notícia é divulgada em tempo real.
      O processo de globalização surgiu para atender ao capitalismo e, principalmente, os países desenvolvidos; de modo que pudessem buscar novos mercados, tendo em vista que o consumo interno encontrava-se saturado.
      A globalização é a fase mais avançada do capitalismo. Com o declínio do socialismo, o sistema capitalista tornou-se predominante no mundo. A consolidação do capitalismo iniciou a era da globalização, principalmente, econômica e comercial.
      A integração mundial decorrente do processo de globalização ocorreu em razão de dois fatores: as inovações tecnológicas e o incremento no fluxo comercial mundial.
      As inovações tecnológicas, principalmente nas telecomunicações e na informática, promoveram o processo de globalização. A partir da rede de telecomunicação (telefonia fixa e móvel, internet, televisão, aparelho de fax, entre outros) foi possível a difusão de informações entre as empresas e instituições financeiras, ligando os mercados do mundo.
      O incremento no fluxo comercial mundial tem como principal fator a modernização dos transportes, especialmente o marítimo, pelo qual ocorre grande parte das transações comerciais (importação e exportação). O transporte marítimo possui uma elevada capacidade de carga, que permite também a mundialização das mercadorias, ou seja, um mesmo produto é encontrado em diferentes pontos do planeta.
      O processo de globalização estreitou as relações comerciais entre os países e as empresas. As multinacionais ou transnacionais contribuíram para a efetivação do processo de globalização, tendo em vista que essas empresas desenvolvem atividades em diferentes territórios.
      Outra faceta da globalização é a formação de blocos econômicos, que buscam se fortalecer no mercado que está cada vez mais competitivo.


Prós e Contras
      A abertura da economia e a Globalização são processos irreversíveis, que nos atingem no dia-a-dia das formas mais variadas e temos de aprender a conviver com isso, porque existem mudanças positivas para o nosso cotidiano e mudanças que estão tornando a vida de muita gente mais difícil. Um dos efeitos negativos do intercâmbio maior entre os diversos países do mundo, é o desemprego que, no Brasil, vem batendo um recorde atrás do outro.
      No caso brasileiro, a abertura foi ponto fundamental no combate à inflação e para a modernização da economia com a entrada de produtos importados, o consumidor foi beneficiado: podemos contar com produtos importados mais baratos e de melhor qualidade e essa oferta maior ampliou também a disponibilidade de produtos nacionais com preços menores e mais qualidade. É o que vemos em vários setores, como eletrodomésticos, carros, roupas, cosméticos e em serviços, como lavanderias, locadoras de vídeo e restaurantes.
     Mas a necessidade de modernização e de aumento da competitividade das empresas produziu um efeito muito negativo, que foi o desemprego. Para reduzir custos e poder baixar os preços, as empresas tiveram de aprender a produzir mais com menos gente. Incorporavam novas tecnologias e máquinas. O trabalhador perdeu espaço e esse é um dos grandes desafios que, não só o Brasil, mas algumas das principais economias do mundo têm hoje pela frente: crescer o suficiente para absorver a mão-de-obra disponível no mercado, além disso, houve o aumento da distância e da dependência tecnológica dos países periféricos em relação aos desenvolvidos.
      A questão que se coloca nesses tempos é como identificar a aproveitar as oportunidades que estão surgindo de uma economia internacional cada vez mais integrada


Por Eduardo de Freitas
Graduado em Geografia

David Harvey fala a Caros Amigos da crise capitalista e outros temas

Por Alexandre Bazzan e Gabriela Moncau
Fotos: Gilberto de Breyne


       “Não vejo que o capitalismo tenha um caminho claro para sair da crise. Mesmo se existisse esse caminho eu não acho que o pensamento que existe nos círculos políticos seria capaz de tomá-lo, em outras palavras, mesmo se ele estivesse lá eles não conseguiriam enxergar”. É com essa brincadeira que o marxista David Harvey resume a crise e as “soluções” políticas que vêm sendo tomadas para atravessar esse período de recessão global do capital que já se arrasta desde 2008 quando a crise do subprime, a quebra do Lehman Brothers e a debilidade de tantas outras grandes empresas multinacionais de origem estadunidense levaram o mundo para o buraco.

O geógrafo britânico e atual professor da City University of New York esteve em São Paulo na última semana para dar palestras na PUC (27/02) e USP (28/02) e conversou com a Caros Amigos sobre capitalismo, crise, política e seu livro recentemente lançado no Brasil pela Boitempo Editorial, “O enigma do capital”.

 
Direito à cidade

      Uma das principais ideias que defende em sua trajetória intelectual e política é a luta pelo direito à cidade, não apenas como um direito das pessoas terem acesso ao que existe na metrópole (como serviços de transporte, saúde, etc.), mas também como um direito de participar da construção e transformação do tecido urbano, da forma que julgar necessário.  Para Harvey, a questão central do direito à cidade é confrontar a dinâmica da urbanização que segue somente a lógica da acumulação capitalista. Esse tema será aprofundado em seu próximo livro, que terá a versão inglesa lançada no mês de abril e ainda não tem data prevista para chegar em solos brasileiros, o “Rebel cities: from the right to the city to the urban revolution” (“Cidades rebeldes: do direito à cidade à revolução urbana”, em tradução literal), no qual defende que a reorganização das cidades pode ser o foco da resistência anticapitalista.
      O tema soa mais latente ainda no atual momento pré Copa e Olimpíadas no Brasil, no qual assistimos ao remodelamento em uma intensidade cada vez maior do tecido urbano das cidades, como com políticas de higienização, favorecimento do mercado imobiliário e grande quantidade de despejos da população pobre de suas áreas habitacionais. O problema não é novo: "Vemos essa situação acontecendo antes de todas as Olimpíadas, foi assim na China, em Montreal, Roma. É um clássico desenvolvimento do Estado, uma desculpa para o que eu chamo de acumulação por despossessão”, define David Harvey, questionando: “A questão é: haverá resistência? E que forma tomará essa resistência? Isso cabe a vocês."

Atual estágio da crise

      Se vivemos uma crise estrutural que se apresenta em escala global, ela se manifesta de diferentes formas ao redor do mundo. Na América do Norte e na Europa, seu sintoma principal tem sido as políticas de austeridade implementadas pelos governantes sob a justificativa de “um medo profundo, uma discussão quase histérica sobre a dívida”, como caracteriza Harvey.
      O geógrafo explica que “a austeridade não ajuda nem um pouco a resolver a crise, só a torna pior. Muitas das instituições presentes nesses países também não ajudam a resolver a situação: o Banco Central Europeu (BCE), por exemplo, tem a obrigatoriedade por constituição de lutar contra uma inflação que não existe, mas não está fazendo nada para combater o desemprego”. Assim, a crise já se estende por 4 anos.
     No emblemático caso grego, por exemplo, Harvey defende que a solução seria a declaração da moratória, o que quase certamente significaria a saída da Grécia da zona do euro, e, portanto, a criação de sua própria moeda, com baixa valorização. A analogia que usa é a de que os gregos estariam com um dente podre: “Ou eles puxam para fora e será dolorido por um ano ou dois, ou eles reclamam do dente estragado por mais 25 anos, que é o caminho que eles escolheram por enquanto”, comenta.
     “[A moratória] seria muito difícil para a Grécia porque as altas classes gregas basicamente têm o seu dinheiro fora do país em euros, nos bancos da Alemanha e do resto da Europa”, observa Harvey. “As classes mais altas da Grécia se beneficiariam imensamente e o resto das pessoas passariam por um período bastante complicado”, admite, apesar de constatar que isso já está se passando e lembra que a Argentina passou por um processo parecido em 2002 “e em 2005 sua economia já estava funcionando bem de novo; o Uruguai também fez algo semelhante”.

Arrancar o dente

      O professor ressalta, no entanto, que o que tira o sono dos governos e das instituições internacionais do mercado financeiro não é a Grécia. “Acredito que se fosse somente isso que preocupasse a todos, provavelmente até os próprios líderes europeus aceitariam arrancar o dente. O que os preocupa é que uma vez que isso aconteça com a Grécia, vai se passar também com Espanha, Portugal, Itália, chegando a quebrar toda a Europa”, alerta.
      Se o quadro se apresenta dessa maneira na Europa e EUA, em outras partes do mundo o que acontece é uma rápida expansão econômica, particularmente na China, mas também vivenciada por nós brasileiros e a Argentina, entre outros países. “É uma política mais expansionista, você não ouve a palavra austeridade por aqui, você vê a preocupação com desenvolvimento, crescimento, investimento em infraestrutura”, define David Harvey, acrescentando que esse crescimento acontece como consequência da concentração da produção mundial na China: “a demanda de matérias primas básicas por parte da China está ajudando os países que fornecem essas matérias primas, como Chile e Austrália, a sair ou não sentir tão fortemente a crise”.
      Para ele, o que vemos na China é a tentativa de substituir o mercado interno pelo mercado mundial. “O comércio chinês é movido pela exportação, o consumismo chinês é de apenas 35% da economia no país, enquanto nos EUA é de 70%, e acredito que há medidas para tentar aumentar o consumo na China que é provavelmente baseado na classe média”, expõe. “Os chineses deram a volta com um plano Keynesiano de investimentos em infraestrutura e com o aumento dos salários o mercado interno tem estado bastante forte”, opina.
      Pois bem, e até quando a China poderá crescer? O que vai acontecer se o boom chinês entrar em colapso? “Eles têm especulação de propriedades acontecendo, uma grande bolha do mercado imobiliário muito parecido com a que os EUA tiveram 5 anos atrás, então imediatamente as demandas por cobre cairiam, as demandas por ferro e petróleo cairiam”, vislumbra Harvey, salientando que caso os EUA e a Europa não voltarem a crescer de alguma forma, a recessão global viria com toda a força. David não descarta a possibilidade: “Existe probabilidade de pelo menos 50% de que ocorra uma recessão global nos próximos 3 ou 4 anos”.

Projeto político de uma classe

      Uma pessoa menos informada pode pensar que se trata de incompetência quando se fala da atual recessão mundial, mas também não é o caso. Harvey ressalta que as políticas adotadas por EUA e União Europeia, apesar de perpetuarem a crise, favorecem a elite financeira, “o que vemos nos dados é que renda e desigualdade aumentaram ao longo do processo dessa crise”. Se por um lado existem cada vez mais pessoas desempregadas e o abismo social cresce a olhos vistos, por outro, existem favorecidos por essa política monetária.
      É nesse sentido que Harvey não vê as políticas postas em prática nos países com maiores dificuldades financeiras como uma necessidade econômica, mas sim um projeto político internacional das classes altas. Entre os muitos elementos dessas políticas, ele destaca o fato de as medidas de austeridade estarem ligadas a uma agenda que aponta contra o aumento dos impostos aos ricos. “Isso é uma das matrizes nos Estados Unidos o tempo inteiro, não se pode aumentar impostos dos ricos, não se pode cortar o orçamento da defesa pela metade”, narra, ao dizer que se realmente se quisesse resolver o problema das dívidas nos EUA seria muito fácil: “Os EUA gastam o dobro dos países do resto do mundo em armas e aparatos bélicos. Corte o orçamento militar pela metade e não haverá mais dívidas. É fácil, a dívida desapareceria. Mas não é possível fazer algo assim, politicamente”.

Classe Média Branca

      Em “O enigma do capital” Harvey diz que o problema habitacional nos EUA é um processo que se instalou ainda na administração Clinton, mas como se tratava da população mais pobre, em sua maioria afroamericanos, o problema foi completamente negligenciado tanto por Clinton, quanto por Bush em suas duas administrações. A questão imobiliária estadunidense só ganhou atenção da mídia e dos governantes quando passou a atingir a classe média branca que antes tinha duas ou três propriedades, mas que agora estava se vendo sem um lugar para morar. Harvey explica que “o boom da habitação foi engenhado por uma série de instituições que tinham suporte tanto da direita quanto da esquerda. Do mesmo modo que o Alan Greenspan do Federal Reserve também não tomou nenhuma providência em parte porque estava muito satisfeito com o boom que estava acontecendo, ele estava se sentindo um gênio da economia.”
      “Então o que vemos são políticos que são muito bons em proteger os interesses das classes altas”, resume. Trata-se do que o geógrafo chama, em seu livro recém lançado no Brasil, de 'Partido de Wall Street'. “O Partido de Wall Street teve seu tempo e falhou miseravelmente. Como construir uma alternativa a partir de sua ruína é tanto uma oportunidade imperdível, quanto uma obrigação que nenhum de nós pode ou deveria jamais procurar evitar”, conclama em seu livro, exaltando o movimento contestatório que ele batiza de 'Partido da Indignação', que tem o desafio de estar “pronto para lutar e derrotar o Partido de Wall Street e seus acólitos e defensores” em todo o planeta.

Março, 2012