terça-feira, 24 de abril de 2012

7o ano - Ensino Fundamental

BRASIL



1 - LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DO BRASIL



      O Brasil é um país que integra a América do Sul e apresenta extensão territorial de 8.514.876 Km². É o quinto maior país do planeta, só é menor que os territórios da Rússia, Canadá, China e Estados Unidos.  A abundância territorial faz com que o Brasil tenha três fusos, uma vez que no sentido leste-oeste é bastante extenso. Por esses aspectos é considerado um país com dimensão continental.
      A grande extensão territorial proporciona ao país fronteira com quase todas as nações sul-americanas. Apenas Chile e Equador não fazem fronteira com o Brasil.
      Para a realização precisa da localização geográfica do Brasil e de outros países, independentemente do ponto do planeta, faz-se necessária a utilização das coordenadas geográficas (latitude e longitude).
      As latitudes explicitam os pontos em graus de um determinado lugar ao longo da superfície terrestre, tomando como referência a Linha do Equador no sentido norte e sul.
      Já as longitudes mostram a posição em graus de um determinado ponto da Terra que tem como referência principal o Meridiano de Greenwich no sentido leste ou oeste.
      No sentido leste-oeste, o Brasil apresenta 4.319,4 Km de distância, os extremos são a Serra Contamana, onde está localizada a nascente do rio Moa (AC); a oeste, com longitude de 73°59’32”; e Ponta do Seixas (PB), a leste, com longitude 34°47’30”. Os extremos no sentido norte-sul apresentam 4.394,7 Km de distância e são representados pelo Monte Caburaí (RR), ao norte do território, com latitude 5°16’20”; e Arroio Chuí (RS), ao sul, com latitude 33°45’03".



Os extremos do território brasileiro


     
      O território brasileiro está localizado, em sua totalidade, a oeste do meridiano de Greenwich, portanto sua área está situada no hemisfério ocidental. A linha do Equador passa no extremo norte do Brasil, fazendo com que 7% de seu território pertença ao hemisfério setentrional e 93% esteja localizado no hemisfério meridional. Cortado ao sul pelo trópico de Capricórnio, apresenta 92% do território na zona intertropical (entre os trópicos de Câncer e de Capricórnio); os 8% restantes estão na zona temperada do sul (entre o trópico de Capricórnio e o círculo polar Antártico).


2 - BACIAS HIDROGRÁFICAS


Bacia hidrográfica é uma área onde ocorre a drenagem da água das chuvas para um determinado curso de água (geralmente um rio). Com o terreno em declive, a água de diversas fontes (rios, ribeirões, córregos, etc) deságuam num determinado rio, formando assim uma bacia hidrográfica. Logo, uma bacia hidrográfica é formada por um rio principal (as vezes dois ou três) e um conjunto de afluentes que deságuam neste rio principal.

Principais Bacias Hidrográficas do Brasil
Bacia Amazônica

- Localizada na região norte do Brasil, é a maior bacia hidrográfica do mundo, possuindo 7 milhões de quilômetros quadrados de extensão (4 milhões em território brasileiro).
- O rio principal desta bacia é o Amazonas que nasce no Peru e depois percorre o território brasileiro.
- Possuí cerca de 23 mil quilômetros de rios navegáveis.
- Fazem parte desta bacia diversos afluentes do
rio Amazonas como, por exemplo, rio Negro, Solimões, Branco, Juruá, Xingu, Japurá, entre outros.

Bacia do rio Paraná

- Possui uma extensão de, aproximadamente, 900 mil quilômetros quadrados;
- Localiza-se em grande parte na região sudeste e sul do Brasil (região de maior desenvolvimento econômico do país).
- Seu principal rio é o Paraná que recebe as águas de diversos afluentes como, por exemplo, rio Tietê, Paranapanema e Grande.
- Possui grande potencial gerador de energia elétrica. Nesta bacia encontram-se as usinas hidrelétricas de Itaipu (maior do Brasil) e Porto Primavera.
- A hidrovia Tietê-Paraná é uma importante rota de navegação nesta bacia.


Bacia do rio Paraguai

- O principal rio desta Bacia é o Paraguai.
- Grande parte desta bacia estende-se pela planície do
Pantanal Mato-Grossense.
- Os rios desta bacia são muito usados para a navegação.
- O rio Paraguai drena a água de uma região de aproximadamente 1 milhão de quilômetros quadrados.

Bacia do rio Parnaíba

- Localiza-se na região nordeste, entre os estados do Ceará, Maranhão e Piauí.
- Possui, aproximadamente, 340 mil quilômetros quadrados de extensão.
- O principal rio é o Parnaíba que recebe as águas de diversos afluentes, sendo que os principais são: rios Gurguéia, Balsas, Uruçuí-Preto, Poti, Canindé e Longa.
- A principal atividade econômica desenvolvida no rio Parnaíba é a piscicultura (criação de peixes).

Bacia do Araguaia-Tocantins

- Localiza-se nas regiões central e norte do Brasil, entre os estados de Tocantins, Goiás, Pará e Mato Grosso do Sul.
- Os dois rios principais que fazem parte desta bacia são o Araguaia e o Tocantins.
- O rio Tocantins possui bom potencial hidrelétrico, sendo que nele está instalada a usina de Tucuruí.

Bacia do rio São Francisco

- Localiza-se em grande parte em território do Nordeste, entre os estados da Bahia, Sergipe e Alagoas. Porém, o trecho inicial da bacia está localizado no norte de Minas Gerais.
- Possui uma área de, aproximadamente, 650 mil quilômetros quadrados de extensão.
- O rio São Francisco é muito importante para a irrigação de terras em seu percurso e também para a navegação.
- Os principais afluentes do São Francisco são: rios Pardo, Ariranha, Grande e das Velhas.

Bacia do rio Uruguai

- Situada na região sul do Brasil, esta bacia estende-se também pelo território do Uruguai.
- Possui cerca de 180 mil quilômetros quadrados de extensão.
- Esta bacia apresenta importante potencial hidrelétrico, além de ser usado para a irrigação nas atividades agrícolas.

Bacia do rio Paraíba do Sul

- Localiza-se na região sudeste, entre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro (maior parte).
- Sua extensão é de, aproximadamente, 300 mil quilômetros quadrados.
- O principal rio desta bacia é o Paraíba do Sul.


3 -  Organização político-Administrativa

      Oficialmente o Brasil se constitui em uma República Federativa - República Federativa do Brasil - composta por 26 estados e um distrito federal, onde se situa a capital da República - Brasília, sede do governo e dos poderes executivo, legislativo e judiciário. Cada um dos estados brasileiros, ou seja, cada uma das unidades da Federação, é ainda subdividido em municípios e esses em distritos. Ao todo o Brasil possui 9.274 distritos distribuídos em 4.974 municípios.
      Apesar de o País se constituir em uma Federação é grande a centralização política existente, sendo pequena a autonomia de cada unidade da Federação.
      Os estados brasileiros são ainda agrupados em cinco grandes regiões político-
administrativas: Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste.
      Região Norte - ocupando 45% da área territorial do país, é composta por sete estados:
      Criada em 1968, pela FIBGE, essa divisão regional é oficialmente adotada para levantamentos censitários e, por órgãos da administração direta e de instituições de planejamento e afins. Esta delimitação em apenas 5 grandes regiões, vem sendo questionada por parcela de pesquisadores da comunidade científica, quanto aos seus reais aspectos de representatividade de espaços regionais em termos geográficos, humanos,
culturais
e econômicos.
 

NORMAS DE ORGANIZAÇÃO


   Organização Político-Administrativa Brasileira: distribuição de competências; o Poder Estatal e suas funções: Legislativo, Judiciário; Executivo; Administração Pública e Administração Pública Federal:
      A Organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União Federal, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos e com competências próprias (art. 18, Constituição Federal).
     A autonomia das entidades federativas pressupõe repartição de competências e a distribuição constitucional de poderes, a fim de possibilitar o exercício e desenvolvimento de sua atividade normativa.
      A divisão política brasileira nem sempre foi a mesma, do século XVI até a atualidade ela passou por sensíveis modificações:

* Capitanias hereditárias (Brasil Colônia)
* Província (Brasil Império)
* Estados, Distritos e Municípios (Brasil República)

*Atualmente dividimos o país em Distrito Federal, Estados, Municípios e distritos.
Distrito Federal: É a unidade onde tem sede o Governo Federal, com seus poderes: Judiciário, Legislativo e Executivo;
Estados: em número de 26, constituem as unidades de maior hierarquia dentro da organização político-administrativa do País. A localidade que abriga a sede do governo denomina-se Capital;
Municípios: os municípios constituem as unidades de menor hierarquia dentro da organização político-administrativa do Brasil. A localidade onde está sediada a Prefeitura Municipal tem a categoria de cidade;
Distritos: são unidades administrativas dos municípios. A localidade onde está sediada a autoridade distrital, excluídos os distritos das sedes municipais, tem a categoria de Vila.


DIVISÃO REGIONAL

      O IBGE elabora divisões regionais do território brasileiro, com a finalidade básica de viabilizar a agregação e a divulgação de dados estatísticos.
      Em consequência das transformações havidas no espaço brasileiro, no decorrer das décadas de 50 e 60, uma nova divisão em macrorregiões foi elaborada em 1970, definindo as Regiões: Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste, que permanecem em vigor até o momento.
      O desenvolvimento da economia e do bem-estar social, a preservação ambiental, a exploração de recursos minerais, a extração do petróleo, entre outras, são necessidades que freqüentemente levam à realização de estudos, à instituição de planos de desenvolvimento e à criação de organismos que os promovam e executem. Com base na atualidade desta questão, concluiu-se por agrupar os municípios segundo áreas de interesse específico, as quais são as seguintes:
Amazônia Legal - Abrange todos os Estados da Região Norte e mais os Estados de Mato Grosso, Maranhão (parte oeste do meridiano 44º) e Goiás(parte norte do paralelo 13º). A Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), com sede em Belém-PA, tem como objetivo principal planejar, promover a execução e controlar a ação federal na Amazônia.
761 municípios
      A divisão político-administrativa estabelece uma base territorial fundamental para subsidiar planejamento ou intervenções, seja em uma unidade da federação, em cada uma de suas partes – municípios e distritos – ou em agrupamento destas, isto é, nas regiões. Estas diversas unidades devem ter seus limites estabelecidos através da utilização de elementos (ponte de referência)
      IBGE : Divisões Regionais do território brasileiro, com a finalidade de viabilizar a agregação e divulgação de dados estatísticos.
Pela divisão oficial do IBGE de 1966, o Brasil compõem-se de cinco grandes regiões: norte, nordeste, sul, centro-oeste e sudeste.

      A Atual divisão baseia-se em critérios político-administrativo e de homogeneidade; constância ou predominância de elementos físicos, humanos e econômicos que permitem diferenciar as regiões.
Não há como não estabelecer limites físicos e humanos entre uma região e outra, porém, a delimitação política é precisa e nenhum estado pertence a mais de uma região. Essa divisão regional tem por finalidade atender a objetivos estatisticos e didaticos.

CARACTERISTICAS QUE AJUDAM DEFINIR CADA REGIÃO

NORTE: Apresenta baixa densidade demográfica (relação entre a população e a superfície do território,) e caracteriza-se principalmente pela presença da Floresta Amazônica.
% Terr. total? 45,27
Estados: AC, AP, AM, PA, RO, RR, TO
Clima: Equatorial quente e úmido, com elevado índice
pluviométrico.
Vegetação: floresta equatorial amazônica
Solos: lixiviados pobres em nutrientes e minerais
Hidrografia: Bacia hidrográfica Amazônica e Tocantins.
Relevo: terras baixas, depressões, planícies aluviais e planaltos
Limites:
ao norte: Maciço das Guianas (form de rel do Norte da Am do Sul, terrenos altos cristalinos)
ao sul: Planalto central do sul (grande platô (elevações de varias extensões, escarpas, declividades) onde se situa GO, MG, DF e parte do TO)
oeste: cord. dos Andes
noroeste: Oc. Atlantico
População: ? 11.290.093
% P. Total: 7%. Pouca, formada por
brancos, índios e mamelucos. (branco e indio)
Dens. Dem. 2,91 hab km2
P. Urbana: 57,8%
Maior metrópole: Belém PA
NORDESTE: Apresenta graves problemas relacionados ao clima semi-árido de grande parte da região e à situação sócio-econômica precária de grande parte da população.
Área? 1.561.17,8 km2
% P. território? 18,86
Estados AL, BA, CE, MA, PB, PE, PI, RN, SE
Clima: Tropical úmido (
Zona da Mata), Tropical semi-árido (Agreste/Sertão) e Tropical de transição (Meio Norte).
Zona da Mata: (faixa litorânea)
Sertão: (clima seco semiárido)
Agreste: (transição entre a Z da Mata e o sertão
Meio Norte: (transição com a regiao amazonica clima úmido e vegetação exuberante)
Vegetação: Mata Atlântica (
Zona da Mata), Caatinga (Agreste/Sertão) e Mata dos Cocais (Meio Norte).
Relevo: Extenso e antigo, aplainado pela erosão, formado por planícies (
Zona da Mata) e planalto (Agreste/Sertão).
Hidrografia: Bacia Hidrográfica do São Francisco.
População: 44.768.201. Grande, formada por
brancos, negros, índios, cafuzos (indio com negro)e mamelucos (caboclo).
P. Total: 28,9
Dens. Dem.: 28,05 hab km2
P. Urbana: 60,6
Maiores metropoles: Salvador, Recife, Fortaleza
SUDESTE: Caracteriza-se por ser a região mais populosa e industrializada do país. Apesar de ser a mais desenvolvida em aspecto econômicos a região sudeste apresenta uma série de graves problemas sociais especialmente em sua grandes cidades.
Área? 927.286,2 km2
% P. total? 10,85
Estados: ES, MG, RJ, SP
Clima: Tropical de altitude e tropical úmido.
Vegetação: Floresta tropical ou
Mata Atlântica, radicalmente devastada pela ação antrópica.
Relevo: Planície costeira ou litorânea, onde encontramos uma estrutura particular chamada de Mar de Morros (form montanhosas arresondadas ), paes de açúcar (montanhoas graníticas) ; Parte mais elevada do Planalto Atlântico, composto basicamente por
serras (Mantiqueira MG, SP, RJ), (Mar ES até SC), (Espinhaço BA até MG).
Hidrografia: Região rica em nascentes, onde destacamos a nascente do
Rio São Francisco, na chamada Serra da Canastra (Minas Gerais), além da formação inicial da Bacia do Paraná e de bacias secundárias como o Tietê, Paraíba do Sul, entre outros.
População: 72.412.411 Gigantesca população, formada por todos os grupos étnicos e suas miscigenações.
Dens. Dem.: 78,09hab km2
% P. Total: 42,63
% P. Urbana: 90,05
Maiores metropoles: SP, RJ, BH
CENTRO-OESTE: Caracteriza-se por ser a região menos populosa do país. Região em plena expansão sendo ocupada, sobretudo por atividades agrícolas e agropecuária moderna. A presença do Cerrado e o Pantanal também ajudam a caracterizar essa região.
Área? 1.612,077 km2
P. Terr. total? 18,86
Estados: DF, GO, MT, MS
Clima: Tropical semi-úmido (tropical típico), com duas
estações bem definidas em relação aos índices pluviométricos (Primavera/Verão - período chuvoso e Outono/Inverno - período seco).
Vegetação:
Cerrado, que sofre drásticamente com as atividades agropecuárias, onde destacamos a pecuária extensiva e a sojicultura; Além das Matas Ciliais ou Matas Galerias.
Relevo: Planalto Central, terrenos antigos, formado por chapadas e a Planície do
Pantanal.
Hidrografia: Bacia Hidrográfica do
Paraguai e Araguaia (Tocantis - Araguaia)
População: 10.501.480. Modesta população formada por
brancos, índios e mamelucos com baixa densidade demográfica.
% Total: 28,9
Dens. Dem.: 6,5hab km2
% P. Total: 6,5
% P. Urbana: 81,3
SUL: É caracterizada pelo clima subtropical e agricultura desenvolvida e diversificada. É a segunda região mais industrializada do país. Outro ponto que a caracteriza, é o grande número de descendentes europeus que compõem grande parte de sua população.
Área? 577.214,0 km2
% P. total? 6,75
Estados: PR, SC, RS
Clima: Temperado sub-tropical com duas
estações bem definidas, apresentando verões quentes e invernos frios e secos.
Vegetação: Mata dos Pinhais ou
Araucárias (Estado do Paraná) e os Pampas RS.
Relevo: Formado po zonas baixas próximas ao litorial e planalto arenito basáltico (planalto meridional)
Hidrografia: Médio e baixo cursos da
Bacia do Paraná, Bacia do Paraguai e Bacia do Uruguai.
População: 25.107.616 Formada basicamente por
brancos de origem européia não hibérica, como poloneses, germandos, eslavos. Não observamos a integração entre diferentes grupos étnicos, explicando assim a formação homogênea da Região, com fortes traços europeus.
% P. Total: 14,95
Dens. Dem.: 43,49hab km2
% P. Urbana: 80,93
Maiores metropoles: PA, CU, FLOR

- Uma análise da evolução político-administrativa do Brasil, desde os anos de 1960, mostra como os limites e fronteiras são dinâmicos e mudam com o passar dos anos. A região do centro-oeste, que possui apenas dois estados, muda na década de 1980 com a criação do estado de Mato Grosso do Sul (lei de 11/10/1977)
-Em 1988, a Assembléia Nacional Constituinte e as discussões sobre a criação do estado de Tocantins, foi instituída uma Comissão de Assuntos Territoriais e o surgimento de novos estados. Em 1990 a configuração territorial passa a ser a que conhecemos hoje.
Os quatro territórios que ficavam sob a administração do governo federal (Território de Rondônia, Roraima, Amapá e Fernando de Noronha), passaram à categoria de estados com a exceção de Fernando de Noronha que foi anexado ao estado de Pernanbuco.
- Concluindo: A regionalização de um determinado espaço ou território em áreas com características comuns – físicas, socioeconômicas, políticas – depende da finalidade com que se pretende utiliza-la. Podem servir para fins estatísticos didáticos ou administrativos. A primeira regionalização foi apresentada, no Brasil, em 1938 e tinha preocupação com a integração do espaço brasileiro.

    Além dos fatores vistos anteriormente - naturais, humanos, socioeconômico, históricos – outros critérios podem ser utilizados para estabelecer uma proposta de regionalização.
 

REGIÕES GEOECONÔMICOS
      Considera a formação histórica e econômica do país e obedece também alguns critérios naturais.
Nesta proposta os limites das regiões não coincidem com os limites do estado, pois sabe-se que as características socioeconômicas e naturais muitas vezes ultrapassam as fronteiras estaduais.

Nordeste: região onde o povoamento ocorreu de forma mais intensa nos primeiros séculos de ocupação européia.
Muitas diferenças naturais e socioeconômicas entre o litoral entre o interior da região. Economia pouco desenvolvida em relação ao centro-sul do país. Faz parte desta região o norte de Minas Gerais, por ter características semelhantes a esta região.
É considerada geoeconomicamente falando uma região do passado, devido a sua estagnação econômica.
Setor Primário
Agricultura:
plantations: cana-de-açúcar, cacau, algodão. Fruticultura irrigada na Região do Agreste e agricultura de subsistência nas regiões do Sertão e Meio Norte.
Pecuária: margens do
Rio São Francisco, também conhecido como Rio dos Currais
Extrativismo:
*mineral: sal e o petróleo
*
vegetal: babaçu e carnaúba
*animal: pesca.Setor Secundário: atualmente é a que mais recebe investimentos não só no estado, quanto na iniciativa privada recebendo investimentos de empresas de médio e grande porte, como a Ford Motors, Azaléia, Manguari, Jandáia e Vulcabrás.Setor Terciário: turismo, movimenta bilhões de dólares durante o ano inteiro, acelerando radicalmente o comérico e a prestação de serviços.
Centro-Sul: Concentra-se a maior parte da produção industrial e agropecuária do país.
É também a região mais populosa e urbanizada do país. Devido a isso, grande parte de seus territórios naturais encontram-se transformados pela intensa ação antrópica.
É considerada a região geoeconomicamente do presente. Setor Primário
Agricultura: mais complexa, diferentes modelos: subsistência, plantations
moderna agricultura mecanizada, Oeste Paultista, passando pelo Mato Grosso do Sul, chegando até a Região Sul.Pecuária: extensiva (Pantanal, Minas Gerais, Rio de Janeiro e em determinados locais da Região Sul) e intensiva, com altíssima qualidade, na Região Sul.Extrativismo:
*
mineral : Quadrilátero Ferrífero (Minas Gerais), petróleo na Bacia de Campos e na Bacia de Santos, carvão mineral no Vale do Itajaí (Santa Catarina), além do Maciço de Urucum.
*
vegetal: a Mata das Araucárias e a Mata Atlântica.
*
animal : pesca, não só no litoral, mas também nos rios do interior.Setores Secundário e Terciário: Podemos afirmar que a indústria do Centro-Sul é uma referência não só para o Brasil, mas para todo o continento americano, estimulando assim a excelência quantitativa e qualitativa.
 
Amazônia: Compreende o domínio da Floresta Amazônica no território brasileiro.
Grande parte do território ainda desabitado, porém, é crescente o processo de povoamento da região devido a grandes projetos de mineração e agropecuários. Principal fonte de recursos do país e mais nova área de fronteira agrícola.
Setor Primário
Agricultura: fronteira agrícola (relacionada a expansão - de onde esta a agricultura e até onde ela pode ir) estimula
movimentos migratórios de pequenos agricultores, proliferação de agricultura de subsistência, causando radicais danos ao meio ambiente.
Pecuária: extensica especulativa, onde vários agricultores simulam atividades agropecuárias para garantir de maneira "ilegal" a posse da terra. Norte e Nordeste, observamos um rebanho bufalino que de solução acabou virando um problema, porque os rebanhos se tornaram "nativos" com intenso processo de
procriação.
Extrativismo: carro-chefe da economia

*vegetal (castanha do Pará, açaí, látex, malva, juta (fibra textil)) o extrativismo animal (pesca e caça de animais silvestres)
*
mineral (Complexo Mineral de Carajás).Setor Secundário
Observamos um importane parque industrial vinculado à produção de
eletroeletrônicos, garantido a produção e distrubuição para o Brasil e toda América Latina. (Zona Franca de Manaus)Setor Terciário: O comércio da Região é restrito e, conseqüentemente, caro, porque a maioria dos artigos de bens de consumo são produzidos nas Regiões Sudeste e Sul.

Divisão Sugerida por Milton Santos e Maria Laura Silveira

Sudeste, Centro-Sul, Região Concentrada:*Densidade dos sistemas de relações q intensifica fluxos de mercadorias, capitais e informações e infra-estruturas técnicas
Centro-Oeste: área de ocupação periférica, agropecuária, subordinadas a formas q tem sede nas régios concentradas (TO 1988 norte)
Nordeste: peso da herança, povoamento antigo, meio mecanizado pontual, quadro sócio espacial engessado.
Amazônia: rarefação demográfica e baixa densidade técnica meio mecanizado
Divisao por Bacias Hidrográficas delimitação natural e física da área q a bacia abrange.

ATUALIDADES:

O BRASIL PODE MUDAR: 39 estados e 3 territórios federais
ESTADOS: Sul nao sofre modificações.
Sudeste: SP do Leste, Minas do Norte, Triangulo
Guanabara: volta a existir
Centro-Oeste: Araguaia, Mt Grosso do Norte, Planalto Central
Nordeste: Maranhão do Sul, Rio São Francisco e Gurguéia
Norte: Tapajós, Solimões, Carajás
Territórios: Marajó, Alto Rio Negro e Oiapoque.
Divisao por regioes administrativa



 
4 - PAISAGEM DO RIO DE JANEIRO


SÍNTESE GEOGRÁFICA

      A cidade do Rio de Janeiro, constituída por paisagens de excepcional beleza cênica, tem na água e na montanha os regentes de sua geografia exuberante.
    A diversidade topográfica do Rio de Janeiro se estende à cobertura vegetal. Florestas recobrem encostas e espécies remanescentes de mata atlântica são preservadas no Parque Nacional da Tijuca. Mata de baixada, restingas e manguezais são preservadas nas áreas de proteção ambiental de Grumari e Prainha.
      Embora a cidade tenha se tornado uma das maiores áreas urbanas do mundo, cresceu em volta de uma grande mancha verde, que responde pelo nome de Floresta da Tijuca, a maior floresta urbana do mundo, que continua mantendo valiosos remanescentes de seus ecossistemas originais, mesmo tendo sido replantada no século XIX. Foi o primeiro exemplo de reflorestamento com espécies nativas. A interferência do homem trouxe ainda mais natureza para a cidade com a construção de parques, praças e jardins.
       Aos poucos os ecossistemas foram sendo protegidos pela legislação ambiental e uma grande quantidade de parques, reservas e área de proteção ambiental foram sendo criados para garantir sua conservação.

POSIÇÃO GEOGRÁFICA
      A cidade do Rio de Janeiro está situada a 22º54'23" de latitude sul e 43º10'21" de longitude oeste, no município do mesmo nome: é a capital do Estado do Rio de Janeiro, um dos componentes da Região Sudeste do Brasil. Ao norte, limita-se com vários municípios do Estado do Rio de Janeiro. É banhada pelo oceano Atlântico ao sul, pela Baía de Guanabara a leste e pela Baía de Sepetiba a oeste. Suas divisas marítimas são mais extensas que as terrestres.

ÁREA METROPOLITANA
      A Região Metropolitana do Rio de Janeiro é composta por outros 17 municípios - Duque de Caxias, Itaguaí, Mangaratiba, Nilópolis, Nova Iguaçu, São Gonçalo, Itaboraí, Magé, Maricá, Niterói, Paracambi, Petrópolis, São João de Meriti, Japeri, Queimados, Belford Roxo, Guapimirim - que constituem o chamado Grande Rio, com uma área de 5.384km.

DIMENSÕES
      A área do município do Rio de Janeiro é de 1.255,3 Km², incluindo as ilhas e as águas continentais. Mede de leste a oeste 70km e de norte a sul 44km. O município está dividido em 32 Regiões Administrativas com 159 bairros.

RELEVO
      O relevo carioca está filiado ao sistema da serra do Mar, recoberto pela floresta da Mata Atlântica. É caracterizado por contrastes marcantes, montanhas e mar, florestas e praias, paredões rochosos subindo abruptamente de baixadas extensas, formando um quadro paisagístico de rara beleza que tornou o Rio mundialmente conhecido como a Cidade Maravilhosa. O Rio de Janeiro apresenta três importantes grupos montanhosos, mais alguns conjuntos de serras menores e morros isolados em meio a planícies circundadas por esses maciços principais.

RIOS
      O maior rio genuinamente carioca é o Cabuçu ou Piraquê que deságua na Baía de Sepetiba após um percurso de 22km. Os mais conhecidos são: Carioca, primeiro a ser utilizado no abastecimento da população, rio histórico, hoje quase totalmente canalizado e o Cachoeira, por ser o formador das mais belas cascatas da Floresta da Tijuca, como a Cascatinha Taunay e o Salto Gabriela. O rio Guandu, originário de município vizinho, é o curso d'água de maior importância e, abastece de água potável a cidade.

LAGOAS
      São poucas, pequenas e costeiras. A maior delas, a de Jacarepaguá, tem cerca de 11km² de área, conhecida também por Camorim e Tijuca. A de Marapendi tem 3.765m² de superfície e está separada da anterior pela restinga de Jacarepaguá e do oceano pela restinga de Itapeba. Além dessa, encontra-se na Baixada de Jacarepaguá a Lagoinha, com cerca 172m².
      A Lagoa Rodrigo de Freitas, antiga de Sacopenapã, uma das paisagens mais bonitas do Rio, é constituída por um espelho d'água com aproximadamente 2,4 milhões de metros quadrados na forma de um coração, que se tornou famoso e conhecido como o "Coração do Rio". Suas margens, cercadas por parques, quadras de esportes, quiosques para alimentação, pistas para caminhadas e para passeios de bicicleta, são um dos principais pontos de atração da cidade.

LITORAL
      Com extensão calculada em 246,22km divide-se em três setores: Baía de Guanabara, Oceano Atlântico propriamente dito e Baía de Sepetiba. O primeiro dos citados é o maior, o mais recortado e o de mais antiga ocupação. Vai da foz do Rio São João de Meriti até o Pão de Açúcar. É baixo, tendo sido muito alterado pelos aterros aí realizados. Numerosas ilhas enfeitam essa seção do litoral carioca. Outros acidentes importantes nele encontrados são: as Pontas do Caju e Calabouço, ambas aumentadas por aterros. Algumas praias importantes encontram-se nesse trecho: Ramos, Flamengo, Botafogo e Urca.
      O segundo setor vai do Pão de Açúcar até a Barra de Guaratiba A costa é alta quando as ramificações dos Maciços da Tijuca e da pedra Branca se aproximam do litoral; é baixa quando elas se afastam. Torna-se retilínea nas regiões planas, onde aparecem belas praias de restingas, e recortada junto às regiões montanhosas. Do Leblon para leste a faixa litorânea é mais densamente ocupada pela população urbana; para oeste é mais explorada para turismo e lazer; contudo a ocupação humana dessa área vem ultimamente sofrendo acréscimo. As atrações turísticas propiciaram a concentração de hotéis de alta categoria nesse trecho. Destacam-se no litoral oceânico duas praias: a primeira por sua extensão, 18km ao longo da avenida Sernambetiba, desde o pier da Barra da Tijuca até o Recreio dos Bandeirantes e Copacabana (4,15 Km), pela beleza de fama internacional.
      O terceiro setor vai da Barra de Guaratiba até a foz do Rio Guandu. É pouco recortado e apresenta um único acidente importante - a Restinga de Marambaia. Nele se destacam três praias: Sepetiba, Pedra de Guaratiba e Barra de Guaratiba. A ocupação humana desse trecho é menos densa, não só por causa da distância que o separa do centro da cidade, como também porque apresenta grandes áreas pantanosas, cobertas de manguezais. É zona de colônias de pesca.

ILHAS
      Dos 1.255,3 Km² do Município do Rio de Janeiro mais de 37 Km² correspondem às ilhas. Destas, a maioria se encontra na Baía de Guanabara. Mas há, também, as que ficam na costa atlântica e as da Baía de Sepetiba.

Principais Ilhas da Baía de Guanabara:
      Laje; Villegaignon; Cobras; Fiscal; Enxadas; Governador (é a maior ilha, com cerca de 30 Km² de área); Paquetá; Cidade Universitária (conhecida como Ilha do Fundão).

Principais Ilhas do Litoral Atlântico:
Cotunduba - em frente à Praia de Copacabana, perto da barra da Baía de Guanabara;
Arquipélago das Cagarras - em frente a Ipanema;
Rasa - com um importante farol;
Arquipélago da Redonda - fora da barra, à esquerda;
Arquipélago das Tijucas - em frente à Barra da Tijuca;
Palmas e Peças - entre o Pontal Tim Maia (antigo Sernambetiba) e
a Praia Funda;
Frade - junto à Barra de Guaratiba
Principais Ilhas da Baía de Sepetiba:
Bom Jardim; Nova; Cavado; Guaraquessaba; Tatu; Pescaria (unida ao continente por ponte).

CLIMA
      É do tipo tropical, quente e úmido, com variações locais, devido às diferenças de altitude, vegetação e proximidade do oceano; a temperatura média anual é de 22º centígrados, com médias diárias elevadas no verão (de 30º a 32º); as chuvas variam de 1.200 a 1.800 mm anuais. Nos quatro meses do chamado alto verão - de dezembro a março - os dias muito quentes são sempre seguidos de tardes luminosas, quando em geral caem chuvas fortes e rápidas, trazendo noites frescas e estreladas.



            
5 - A INDÚSTRIA DA SECA NO NORDESTE


      O fenômeno natural das secas no nordeste ensejou o surgimento de um fenômeno político denominado indústria da seca.
      Os problemas sociais existem em todo o Nordeste, mas a culpa pela miséria da região sempre recaiu sobre o fenômeno das secas. De fato, elas muitas vezes inviabilizam as atividades econômicas no sertão, dizimando o gado e fazendo com que os sertanejos deixem suas terras em busca de melhores condições de vida. Mas a seca não é a única responsável por toda a situação. Questões como a distribuição de renda e de terras costumam ser deixadas de lado nas discussões. Grupos políticos e econômicos aproveitam-se do flagelo da região em benefício próprio. Divulgando uma situação de calamidade pública, essa elite consegue ajuda governamental – como anistia das dívidas, verbas de emergência e renegociação de empréstimos. Tais auxílios nem sempre beneficiam a população afetada pela estiagem. Muitas vezes, o dinheiro público é usado para a construção de açudes e para o desenvolvimento de projetos de irrigação. Tudo isso caracteriza a chamada "indústria da seca", ou seja, uma série de medidas que eternizam o problema para impedir que o auxílio desapareça.
      O sertão nordestino sempre conviveu com a seca, embora, até meados do século XIX, seus governantes e a elite local não a encarassem como um problema. As atenções na época voltavam-se para a Zona da Mata e para os engenhos de açúcar. Na segunda metade do século XIX, quando o café plantado no Sudeste se transformou no principal produto de exportação do país, dirigentes e proprietários da região logo previram o término de seus dias de glória. Por isso, voltaram seus olhos para a seca e para a miséria do sertão. Afinal, em função dos problemas ali existentes, eles poderiam pleitear auxílio ao governo central. Embora sofresse com a seca há tempos, o sertão transformou-se, a partir do século XIX, na principal imagem do atraso do Brasil.
      Antes da ocupação portuguesa, as secas sucediam-se com maior ou menor intensidade. A pecuária acentuou seus efeitos e a Grande Seca (1791 a 1793) tornou a vida na região bem mais difícil. A vegetação não se recuperou. Homens, mulheres, crianças e bois morreram em grande número. Além disso, o Rio Grande do Sul passou a vender seu charque aos mercados que antes adquiriam a carne-seca sertaneja.
      Durante a estiagem de 1877 a 1880, pela primeira vez o governo procurou instituir uma política de salvação para a região. D. Pedro II, encantado com uma visita que fizera ao Egito, mandou importar camelos do Saara, pois pretendia criá-los para salvar o sertão. Os problemas, entretanto, eram muito mais graves. Um número de sertanejos quase quatro vezes maior do que o da população de Fortaleza ocupou a capital cearense, buscando fugir da seca. O resultado disso foram epidemias, fome, saques e crimes. Com a seca criou-se o conceito do retirante – o homem que deixa sua terra para escapar dos efeitos da estiagem.
      Na estiagem seguinte, em 1915, para impedir que os retirantes se dirigissem à capital, o governo cearense criou campos de concentração nos arredores das grandes cidades, nos quais recolhia os flagelados. A varíola fez centenas de mortos no Campo do Alagadiço, próximo a Fortaleza, onde se espremiam mais de 8 mil pessoas na seca de 1915. A falta de condições sanitárias e de comida completou o trágico quadro.
      A seca de 1932 foi tão catastrófica quanto a de 1877. Foram organizados sete campos de concentração no Ceará, onde ficaram reunidos mais de 105 mil retirantes. Eles eram recrutados para trabalhar de forma compulsória nas obras públicas. Nas secas seguintes, o governo abandonou a formação dos campos de concentração e começou a estimular o sertanejo a abandonar em definitivo suas terras. Passou a planejar a migração maciça dos sertanejos para o oeste, a fim de povoar os sertões do Mato Grosso. Essa retirada ficou conhecida como a "Marcha para o Oeste". Pelo Censo de 1950, verificou-se que mais de 2 milhões de nordestinos haviam migrado para outras regiões do país. Entre 1950 e 1980, as grandes metrópoles do Sudeste tornaram-se o destino da maioria desses retirantes.



      Os grandes latifundiários nordestinos, valendo-se de seus aliados políticos, interferem nas decisões tomadas, em escala federal, estadual e municipal. Beneficiam-se dos investimentos realizados e dos créditos bancários concedidos. Não raro aplicam os financiamentos obtidos em outros setores que não o agrícola, e aproveitam-se da divulgação dramática das secas para não pagarem as dívidas contraídas. Os grupos dominantes têm saído fortalecidos, enquanto é protelada a busca de soluções para os problemas sociais e de oferta de trabalho às populações pobres.
     Os trabalhadores sem terra (assalariados, parceiros, arrendatários, ocupantes) são os mais vulneráveis à seca, porque são os primeiros a serem despedidos ou a terem os acordos desfeitos.
      A tragédia da seca encobre interesses escusos daqueles que têm influência política ou são economicamente
poderosos, que procuram eternizar o problema e impedir que ações eficazes sejam adotadas.
      A questão da seca provocou diversas ações de governo. As primeiras iniciativas para se lidar com a questão da seca foram direcionadas para oferecer água à zona do semi-árido. Nessa ótica foi criada a Inspetoria de Obras Contra as Secas (Decreto n°-7.619, de 21 de outubro de 1909), atual Dnocs, com a finalidade de centralizar e unificar a direção dos serviços, visando à execução de um plano de combate aos efeitos das irregularidades climáticas. Foram, então, iniciadas as construções de estradas, barragens, açudes, poços, como forma de proporcionar apoio para que a agricultura suportasse os períodos de seca.
      A idéia de resolver o problema da água no semi-árido foi, basicamente, a diretriz traçada pelo Governo Federal para o Nordeste e prevaleceu, pelo menos, até meados de 1945. Na época em que a Constituição brasileira de 1946 estabeleceu a reserva no orçamento do Governo de 3% da arrecadação fiscal para gastos na região nordestina, nascia nova postura distinta da solução hidráulica na política anti-seca, abandonando-se a ênfase em obras em função do aproveitamento mais racional dos recursos.
      Com o propósito de utilizar o potencial de geração de energia do Rio São Francisco, foi fundada (1945) a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf). Em 1948, criou-se a Comissão do Vale do São Francisco (CVSF), hoje denominada Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf) e, em 1952, o Banco do Nordeste do Brasil (BNB). A idéia era de criar uma instituição de crédito de médio e longo prazos especifica para o Nordeste.
      Em dezembro de 1959, foi criada a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste -Sudene (atualmente extinta e com projetos de ser recriada em novos moldes), organismo constituído para estudar e propor diretrizes para o desenvolvimento da economia nordestina, com o objetivo de diminuir a disparidade existente em relação ao Centro-Sul do país. Procurava-se estabelecer um novo modelo de intervenção, voltado tanto para o problema das secas quanto para o Nordeste como um todo.
      A partir da seca de 1970, surgiu o Programa de Redistribuição de Terra e de Estímulo à Agroindústria do Norte e Nordeste (Proterra), em 1971, com o objetivo de promover uma reforma agrária pacifica no Nordeste, pela compra de terra de fazendeiros, de modo espontâneo e por preço de mercado. Em 1974, foi instituído o Programa de Desenvolvimento de Terras Integradas do Nordeste (Polonordeste), para promover a modernização da agropecuária em áreas selecionadas da região. O Projeto Sertanejo, lançado em 1976, viria atuar nas áreas do semi-árido visando a tornar a sua economia mais resistente aos efeitos da seca, pela associação entre agricultura irrigada e agricultura seca.
      Com o propósito de incorporar os projetos anteriores, considerados fracassados, foi implantado o Programa de Apoio ao Pequeno Produtor Rural (Projeto Nordeste), em 1985, propondo-se a erradicar a pobreza absoluta, inovando com a destinação de recursos para os pequenos produtores.
      Como ações emergenciais, tem-se apelado para a distribuição de alimentos, por meio de cestas básicas e frentes de trabalho, criadas para dar serviço aos desempregados durante o período de duração das secas, dirigidas para a construção de estradas, açudes, pontes.

      Os problemas das secas somente serão superados por profundas transformações sócioeconômicas de âmbito nacional. Várias têm sido as proposições formuladas:

- Transformar a atual estrutura agrária, concentradora de terra e renda, por meio de uma Reforma Agrária que faça justiça social ao trabalhador rural.

      - Estabelecer uma Política de Irrigação que adote tecnologias de mais fácil acesso aos trabalhadores rurais e que sejam mais adaptadas à realidade nordestina.

      - Instituir a agricultura irrigada nas áreas onde houver disponibilidade de água e desenvolver a agricultura seca, de plantas xerófitas (que resistem à falta de água) e de ciclo vegetativo curto. Alimentos como o sorgo e o milheto, como substitutos do milho, seriam importantes para o Nordeste, a exemplo do que ocorre na Índia, China e no oeste dos Estados Unidos.

      - Estabelecer uma Política de Industrialização, com a implantação de indústrias que beneficiem matérias-primas locais, visando à diminuição de custos com transporte, bem como oferecer oportunidades de trabalho à mão-de-obra da região.

      - Proporcionar o acesso ao uso da água, com o aproveitamento da água acumulada nas grandes represas, açudes e barreiros, perfuração de poços, construção de barragens subterrâneas, de cisternas rurais, por parte da população atualmente excluída.

      - Corrigir as práticas de ocupação do solo, no que se refere à pecuária, eliminando-se o excesso de gado nas pastagens, que pode ocasionar sérios danos sobre pastos e solos; a queima de pastos, que destrói a matéria orgânica existente; e o desmatamento, por conta da venda de madeira e lenha.

      - Estimular o uso racional da vegetação nativa (caatinga) para carvão e comercialização de madeira-de-lei.

      - Implantar o Projeto de Transposicão das Águas do Rio São Francisco para outras bacias hidrográficas do semi-árido regional.

      Não é possível se eliminar um fenômeno natural. As secas vão continuar existindo. Mas é possível conviver com o problema. O Nordeste é viável. Seus maiores problemas são provenientes mais da ação ou omissão dos homens e da concepção da sociedade que foi implantada, do que propriamente das secas de que é vítima.
      O semi-árido é uma região propícia para a agricultura irrigada e a pecuária. Precisa apenas de um tratamento racional a essas atividades, especialmente no aspecto ecológico. Em áreas mais áridas que as do sertão nordestino, como as do deserto de Negev, em Israel, a população local consegue desfrutar de um bom padrão de vida.
      Soluções implicam a adoção de uma política oficial para a região, que respeite a realidade em que vive o nordestino, dando-lhes condições de acesso à terra e ao trabalho. Não pode ser esquecida a questão do gerenciamento das diretrizes adotadas, diante da diversidade de órgãos que lidam com o assunto.
      Medidas estruturadoras e concretas são necessárias para que os dramas das secas não continuem a ser vivenciados.
      Esse termo vem sendo utilizado nos últimos anos para explicar o que aconteceu com os investimentos realizados pelo governo federal; atenderam os interesses de uma minoria, que se apropriaram ilicitamente das verbas ou as utilizaram em beneficio próprio. Essa "indústria" aumentou ainda mais as disparidades entre proprietários e trabalhadores rurais. Essa situação serviu para preservar o coronelismo e muitas vezes reforçar o clientelismo. Já naquela época, tudo indicava que qualquer solução para o problema teria, necessariamente, que passar por uma reformulação do sistema de posse e uso da terra, o que era, e continua sendo, em larga medida, inaceitável para os grandes proprietários de terra. Entrava em cena o poder das elites locais com o objetivo de bloquear qualquer ação do poder central que pudesse vir a ameaçar o status quo.

      Os municípios nordestinos passaram a contratar, em 1979, retirantes para trabalhar em obras públicas. Mesmo assim, o problema do sertanejo jamais foi solucionado. Só em 1993, a Comissão Pastoral da Terra identificou 146 ações de multidões (invasões ou saques) em 55 cidades do Ceará.
      Depois de séculos observando as condições do clima, os sertanejos concluíram que, se a chuva cair até 19 de março, haverá água suficiente para suas plantações; caso contrário, o ano será seco. Pelo calendário católico, esse é o Dia de São José, que por isso se tornou objeto da devoção popular sertaneja. Gilberto Gil compôs, em 1964, a letra de Procissão. Em seus primeiros versos, ele reproduz parte da prece na qual os sertanejos pedem a mediação do santo para trazer a chuva.
 




6 - DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA


Desmatamento da Amazônia

      A Amazônia ocupa uma área de mais de 6,5 milhões de km² na parte norte da América do Sul, passando por nove países: o Brasil, Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Equador, Suriname, Guiana e Guiana Francesa.
      85% dessa região fica no Brasil (5 milhões de km², 7 vezes maior que a França) em 61% do território nacional e com uma população que corresponde a menos de 10% do total de brasileiros. A chamada “Amazônia Legal” compreende os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e parte dos estados do Mato Grosso, Tocantins e Maranhão perfazendo aproximadamente 5.217.423km².
      Quando falamos em desmatamento na Amazônia é comum as pessoas confundirem a região citada acima com o estado do Amazonas, o que limita a compreensão do verdadeiro problema que essa região enfrenta. Em toda a região amazônica calcula-se que cerca de 26.000km são desmatados todos os anos.
      No Brasil, só em 2005 foram 18.793km² de áreas desmatadas, sendo que uma das principais causas é a extração de madeira, na maior parte ilegal. Segundo dados do Grupo Permanente de Trabalho Interministerial Sobre Desmatamento na Amazônia, desde 2003 foram apreendidos cerca de 701mil m³ de madeira em tora provenientes de extração ilegal. Devido à dificuldade de fiscalização e a pouca infra-estrutura na maior parte da região, alguns moradores se vêem forçados a contribuir com a venda de madeira ilegal por não terem nenhum outro meio de renda ou mesmo por se sentirem coibidos pelos madeireiros.  Até mesmo alguns índios costumam trabalhar na atividade ilegal de extração de madeira, vendendo a tora de mogno, por exemplo, a míseros R$30, quando na verdade, o mogno chega a valer R$3 mil reais no mercado.
     
     
      Outras causas apontadas são os crescimentos da população e da agricultura na região.  Até 2004, cerca de 1,2 milhões de hectares de florestas foram convertidas em plantação de soja só no Brasil. Isso porque desmatar áreas de florestas intactas custa bem mais barato para as empresas do que investir em novas estradas, silos e portos para utilizar áreas já desmatadas.

afetar a biodiversidade (a Amazônia possui mais de 30% da biodiversidade mundial), o desmatamento na Amazônia afeta, e muito, a vida das populações locais que sem a grande variedade de recursos da maior bacia de água doce do planeta se vêem sem possibilidade de garantir a própria sobrevivência, tornando-se dependentes da ajuda do governo e de organizações não governamentais.
      Nos últimos anos a Amazônia Brasileira vêm registrando a pior seca de sua história. Em 2005, alguns lagos e rios tiveram sua vazão reduzida a tal ponto que não passavam de pequenos córregos de lama, alguns até chegaram a secar completamente, ocasionando a morte dos peixes. O pior é que esse efeito tende a se agravar com o tempo. Com os rios secando e a diminuição da cobertura vegetal, diminui a quantidade de evaporação necessária para a formação de nuvens, tornando as florestas mais secas.
      Contudo, diversas ações vêm sendo tomadas pra impedir que o pior aconteça e preservar toda a riqueza proporcionada pela Amazônia. ONG’s como o Greenpeace, SOS Mata Atlântica, WWF, IPAM (Instituto de Pesquisas da Amazônia) e diversas outras entidades, realizam campanhas e estudos com o objetivo de divulgar e facilitar o desenvolvimento sustentável e a recuperação das áreas degradadas da Amazônia no Brasil. Quanto às iniciativas do governo, 19.440.402 hectares foram convertidos em Unidades de Conservação (UC) na Amazônia de 2002 a 2006, totalizando 49.921.322ha, ou, 9,98% do território. Sem contar os 8.440.914ha de Flonas (Floresta Nacional) criadas em territórios indígenas. Outro projeto que visa à consolidação de Unidades de Conservação na Amazônia é o projeto ARPA (Áreas Protegidas da Amazônia) que tem como meta atingir um total de 50milhões de hectares de UC até 2013 e conta com apoio e investimentos de instituições como o Banco Mundial e o WWF.





7 - SUDESTE: PROBLEMAS URBANOS


A Região Sudeste

       No sudeste se localizam as 3 maiores cidades do país: S Paulo, Rio de Janeiro e BH. Em 1992 o sudeste concentrava 59,5% dos estabelecimentos industriais e 71% do valor da produção, além de 19 das 20 maiores empresas privadas do país. A região é responsável pela geração bruta de 117.160 GWH em 1991, quase a metade do total brasileiro. Em 1992, só o estado de Minas produziu 162.800 toneladas de ferro, as reservas do estado são estimadas em mais de 5 bilhões de toneladas. Quase toda a produção siderúrgica e de alumínio do país provém do sudeste. Destaca-se a CSN, situada em Volta Redonda, a Usiminas e a Cosipa em S Paulo. O domínio é reforçado pela presença em Cabo Frio (RJ) da CN de Álcalis, a única produtora de barrilha do país, matéria utilizada nas indústrias de vidro. O número de escolas técnicas que preparam a mão de obra para a indústria é também superior.Problemas Sociais:
  

   


       - Embora seja a região mais rica do Brasil, está longe de ser um paraíso, o sudeste é a região dos problemas mais graves, envolvendo o maior número de pessoas. O crescimento desordenado chegou a desfigurar até a cidade de BH, que obedecia um projeto urbanístico perfeito para a época da sua inauguração (1897). S Paulo, o principal centro comercial e financeiro do país e Rio de Janeiro, movimentado centro cultural e maior pólo turístico do Brasil, comportam os principais cinturões de miséria do país, com milhares de menores carentes e marginalizados. A má distribuição de renda, baixos salários, falta de empregos e superpopulação tem deteriorado a qualidade de vida, gerando violência, assaltos, homicídios, seqüestros e etc. Soma-se a isso, a poluição que envenena o ar. A população das favelas do RJ e baixo fluminense, sobrevive a uma verdadeira guerra que envolve lutas entre bandos de marginais e enfrentamentos com a polícia.

 

      Como o Rio de Janeiro é uma metrópole, sofre com diversas dessas questões. As principais são:

   -> saturação do sistema de transportes, resultando superlotação dos meios coletivos e engarrafamentos;

   -> violência urbana;

   -> enchentes;

   -> favelização;

-> ausência/ineficiência do saneamento básico em diversos pontos da cidade;



8 - POPULAÇÃO
Introdução 

      A população brasileira atual é de 190.732.694 habitantes (dados do IBGE – Censo 2010). Segundo as estimativas, no ano de 2025, a população brasileira deverá atingir 228 milhões de habitantes. A população brasileira distruibui-se pelas regiões da seguinte forma: Sudeste (80,3 milhões), Nordeste (53,07 milhões), Sul (27,3 milhões), Norte (15,8 milhões).

Taxa de Natalidade e de Mortalidade

      Se observarmos os dados populacionais brasileiros, poderemos verificar que a taxa de natalidade tem diminuído nas últimas décadas. Isto ocorre, em função de alguns fatores. A adoção de métodos anticoncepcionais mais eficientes tem reduzido o número de gravidez. A entrada da mulher no mercado de trabalho, também contribuiu para a diminuição no número de filhos por casal. Enquanto nas décadas de 1950-60 uma mulher, em média, possuía de 4 a 6 filhos, hoje em dia um casal possui um ou dois filhos, em média.
      A taxa de mortalidade também está caindo em nosso país. Com as melhorias na área de medicina, mais informações e melhores condições de vida, as pessoas vivem mais. Enquanto no começo da década de 1990 a expectativa de vida era de 66 anos, em 2005 foi para 71,88% (dados do IBGE).
      A diminuição na taxa de fecundidade e aumento da expectativa de vida tem provocado mudanças na pirâmide etária brasileira. Há algumas décadas atrás, ela possuía uma base larga e o topo estreito, indicando uma superioridade de crianças e jovens. Atualmente ela apresenta características de equilíbrio. Alguns estudiosos afirmam que, mantendo-se estas características, nas próximas décadas, o Brasil possuirá mais adultos e idosos do que crianças e jovens. Um problema que já é enfrentado por países desenvolvidos, principalmente na Europa.

Mortalidade Infantil

      Embora ainda seja alto, o índice de mortalidade infantil diminui a cada ano no Brasil. Em 1995, a taxa de mortalidade infantil era de 66 por mil. Em 2005, este índice caiu para 25,8 por mil. Para termos uma base de comparação, em países desenvolvidos a taxa de mortalidade infantil é de, aproximadamente, 5 por mil.
      Este índice tem caído no Brasil em função, principalmente, de alguns fatores: melhorias no atendimento à gestante, exames prévios, melhorias nas condições de higiene (
saneamento básico), uso de água tratada, utilização de recursos médicos mais avançados, etc.

Outros dados da População brasileira 

- Crescimento demográfico: 1,17% ao ano (2000 a 2010) **
- Expectativa de vida: 73,5 anos **
- Taxa de natalidade (por mil habitantes): 20,40 *
- Taxa de mortalidade (por mil habitantes): 6,31 *
- Taxa de fecundidade total: 1,86 **
- Estrangeiros no Brasil: 0,23% **
- Estados mais populosos: São Paulo (41,2 milhões), Minas Gerais (19,5 milhões), Rio de Janeiro (15,9 milhoes), Bahia (14 milhões) e Rio Grande do Sul (10,6 milhões). **
- Estados menos populosos: Roraima (451,2 mil), Amapá (668,6 mil) e Acre (732,7 mil). **
- Capital menos populosa do Brasil: Palmas-TO (228,2 mil).**
- Cidade mais populosa:
São Paulo-SP (11,2 milhões). **
- Proporção dos sexos: 48,92% de homens e 51,08% de mulheres. **
- Vivem na Zona Urbana: 160,8 milhões de habitantes, enquanto que na Zona Rural vivem 29,8 milhões de brasileiros.**

Fonte: IBGE  * 2005 , ** Censo 2010

Etnias no Brasil 

Pardos: 43,1,6%
Brancos: 47,7%
Negros: 7,6%
Indígenas: 0,4%
Amarelos: 1,1%

Fonte: Censo IBGE 2010


POPULAÇÃO ATUAL DO BRASIL

      Afinal, qual a população atual do Brasil? De acordo com dados do Censo Demográfico de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil apresenta atualmente uma população de 190.755.799 habitantes. Essa quantidade faz do país a quinta nação mais populosa do planeta, ficando atrás apenas da China, Índia, Estados Unidos e Indonésia, respectivamente.
      O Brasil é um país populoso, porém é uma nação pouco povoada, com baixo índice de densidade demográfica. A densidade demográfica é o resultado da divisão da população de um determinado lugar por sua extensão territorial. São 190.755.799  pessoas em uma extensão territorial de 8.514.876 Km², apresentando aproximadamente 22,4 habitantes por Km², bem distante dos 881,3 habitantes por Km² de Bangladesh.
      No Brasil, o instrumento de coleta de dados demográficos é o recenseamento ou censo. O órgão responsável pela contagem da população é o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que realiza a pesquisa por meio de entrevistas domiciliares.
      O conhecimento quantitativo da população é de fundamental importância, pois esses dados possibilitarão a realização de estimativas sobre mercado de consumo, disponibilidade de mão de obra, além de planejamentos para a elaboração de políticas públicas destinadas à saúde, educação, infraestrutura, etc
      O primeiro censo demográfico realizado no Brasil foi em 1872. Nessa ocasião, a população totalizava 9.930,478 habitantes; em 1900 era de 17.438.434; já em 1950 a população era de 51.944.397. No ano 2000, a quantidade de habitantes do Brasil registrada foi de 169.590.693.
      Conforme estimativas do IBGE, a população brasileira em 2050 será de aproximadamente 260 milhões de pessoas, apresentando um aumento populacional de quase 70 milhões de habitantes em relação à população atual.

Por Wagner de Cerqueira e Francisco


 
9 - CARACTERÍSTICAS ÉTNICO-CULTURAIS DA POPULAÇÃO BRASILEIRA



     

      A população brasileira foi formada a partir de três grupos fundamentais: o branco europeu, o negro africano e o ameríndio. Antes da chegada dos portugueses, o território era habitado por milhares de povos indígenas (sobretudo dos grupos tupi e jê ou tapuia). A partir da colonização, a maior parte da população indígena foi exterminada, dela restando hoje apenas alguns milhares de indivíduos.
      Os negros africanos, pertencentes sobretudo aos grupos bantos e sudaneses, foram trazidos como escravos para trabalhar na agricultura (cana-de-açúcar, café) e na mineração (ouro e diamantes). Além dos portugueses, outros europeus também contribuíram para a formação da população brasileira, através da imigração, principalmente a partir de 1850 (alemães, italianos, espanhóis).
      A miscigenação desses três grupos étnicos deu origem aos mestiços: mulatos (descendentes de brancos e negros), caboclos (de brancos e ameríndios) e cafuzos (de negros e ameríndios). Há ainda uma parte formada por descendentes de povos asiáticos, especialmente japoneses. Para a formação do contingente populacional do país, a imigração em si pouco representou (pouco mais de cinco milhões de indivíduos, desde a Independência, dos quais 3,5 milhões permaneceram no país) e praticamente cessou a partir do final da segunda guerra mundial.
Língua. Apesar da enorme extensão territorial, o português firmou-se como a língua falada no Brasil, embora com ligeiras variações do português falado em Portugal. Levando em conta as condições naturais e históricas, e as diferenciações resultantes das características culturais regionais, o português falado no Brasil é basicamente o mesmo em todo o território nacional, não se verificando a ocorrência de dialetos, mas tão-somente de variações regionais, como, por exemplo, o português falado no Rio Grande do Sul ou em algum estado do Nordeste.

Densidade Populacional

      Estrutura demográfica. O Brasil é o país mais populoso da América Latina e um dos dez mais populosos do mundo. A população brasileira está distribuída desigualmente: a densidade demográfica da região Sudeste é mais de onze vezes maior que a da região Centro-Oeste; e a da região Sul é quase quinze vezes maior que a da região Norte. Até a década de 1950, a maior parte da população se encontrava no campo, dedicada às atividades agropecuárias. A partir dessa época, com a crescente industrialização, a tendência se inverteu, e, atualmente, mais de setenta por cento concentra-se nas cidades.
      O crescimento demográfico também aconteceu de forma desigual. No final do século 18, o Brasil possuía pouco mais de dois milhões de habitantes. Na época da Independência, cerca de 4.500.000, para chegar a sete milhões em 1850. O primeiro censo demográfico realizado no país revelava uma população de 9.930.478 habitantes. No final do século 19, pouco mais de quatorze milhões e, em 1900, exatos 17.438.434 habitantes. No século 20, o ritmo do crescimento aumentou: de acordo com os censos demográficos, 30.635.605, em 1920; 41.236.315, em 1940; 51.944.397, em 1950; 70.070.457, em 1960; 93.139.037, em 1970; 119.002.706, em 1980; 146.825.475 habitantes em 1991. Para 1993, a população estimada era de 151.571.727 habitantes. A dinâmica demográfica do país, que vinha se caracterizando por uma alta taxa de crescimento, na década de 1990 já apresentava uma tendência declinante.



10 - INDICADORES SOCIOECONÔMICOS DO BRASIL

      Três aspectos podem ser destacados em relação a estes índices no Brasil:

      1. Melhora recente. Primeiro, houve uma mudança positiva de muitos destes indicadores nos últimos anos - tanto a esperança de vida da população cresceu (72,7 anos), como a taxa de mortalidade infantil caiu significativamente - indicando melhores condições de saúde da população brasileira.
      Também houve uma melhora nas condições de saneamento básico no Brasil, e a educação também teve avanços no período recente, com a diminuição do analfabetismo entre a população maior de 10 anos.

      2. Desigualdades regionais. Um segundo aspecto que também tem chamado a atenção está relacionado às disparidades que há entre esses índices quando se divide a população por região ou nível de renda. De um modo geral, as áreas urbanas do Centro-Sul do país apresentam índices nitidamente superiores em relação às zonas rurais e dos estados do Norte-Nordeste. Veja:

      • A taxa de mortalidade infantil na região nordeste do Brasil é 2,6 maior em relação a região Sul;
      • O analfabetismo nas zonas rurais é o triplo das zonas urbanas.
     
      Do mesmo modo, quando dividimos a população por nível de renda também podem ser percebidas fortes desigualdades:

      • Para famílias com renda per capita acima de um salário mínimo, praticamente 75 por cento das habitações eram consideradas adequadas, enquanto para aquelas famílias com uma renda inferior a 1/2 salário mínimo per capita, essa porcentagem era de apenas 34,1%;
      • Em relação à educação, famílias que tem um rendimento mensal de até 1/4 do salário mínimo, 23,6% de adolescentes (15 a 17 anos) são analfabetos. Esta porcentagem não chega a 2% nas famílias que tem uma renda mensal per capita superior a dois salários mínimos.

      3. Desigualdade no mundo. Um último aspecto a ser analisado em relação a estes índicadores sociais é a sua comparação com outros países. O Brasil atualmente ocupa uma posição intermediária, muito distante dos chamados países desenvolvidos - a esperança de vida ao nascer, por exemplo, no Canadá é 79,0 anos; na Argentina é 72,9; já no Brasil este índice é de 66,8 anos(Fonte: Banco Mundial das Nações Unidas - 2000) - o que indica que muito precisa ser feito para a melhora das condições de vida da população brasileira.

 

Referências

  1. Conceito de indicador.
  2. Revista Com Ciência. SBPC/Labjor. Entrevista: Flavio Comim, por Luiz Paulo Juttel.
  3. Indicador social - introdução.


11 - FLUXOS MIGRATÓRIOS


      A todo momento, pessoas deixam sua cidade de origem rumo a outras para ficar permanentemente ou só morar por um tempo (determinado ou não). São os migrantes, que aqui, no Brasil, representam 40% da população, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2007, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Embora os fluxos migratórios tenham sido mais intensos nas décadas de 1960 e 70, a circulação ainda é grande: recentemente, 10 milhões de brasileiros (5,4% da população) se mudaram para outro lugar.
     
Retorno e perfis solitários caracterizam o migrante atual 

     Revisitando o histórico dos fluxos migratórios, é possível compreender que eles se esgotam com o tempo. A marcha para o oeste do país, nos anos 1970, era formada sobretudo por sulistas em busca de fronteiras agrícolas e a fim de colonizar estados como Rondônia, mas perdeu força gradualmente. "E, com a concentração de terras e a organização de pastagens, estados como Mato Grosso deixaram de representar boas oportunidades depois dos anos 1980", conta José Marcos da Cunha, demógrafo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O volume de ida para o estado de São Paulo também diminuiu consideravelmente entre 1995 e 2000: os imigrantes (assim denominados os que chegam) eram 1,2 milhão e, entre 1999 e 2004, passaram a somar 870 mil, segundo dados obtidos na Pnad. Mas muitas pessoas também fizeram o caminho inverso no mesmo período: foram 105 mil emigrantes (assim denominados os que saem) a mais que imigrantes.
      Conforme explica Fausto de Brito, demógrafo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o movimento de pessoas faz parte da dinâmica das sociedades. É normal, portanto, surgirem novos fluxos (veja o mapa abaixo). Atualmente, o movimento que mais chama a atenção é o de volta aos locais de origem. Muita gente, por exemplo, está deixando o Sudeste e voltando para o Nordeste: o crescimento do volume de migrantes nesse fluxo foi de 19% entre os períodos de 1995-2000 e 1999-2004. "É um retorno expressivo, nunca visto antes", diz Cunha. As hipóteses apresentadas para justificar esse movimento estão relacionadas à redução e terceirização do emprego na indústria no Sudeste, aos novos focos de crescimento econômico no Nordeste e aos programas de transferência de renda do governo federal.

Principais fluxos migratórios por grandes regiões do Brasil, de 1999 a 2004*. Ilustração: Sattu


      A lista de novidades inclui movimentos que ocorrem dentro de alguns estados, como o Paraná: sua atratividade está concentrada na área metropolitana de Curitiba. E, quanto aos deslocamentos interestaduais, vale destacar o Pará, o único na região Norte que mantém um volume crescente de imigrantes originários do Nordeste e de estados nortistas.
      Outra mudança é a do perfil de quem sai. Brito explica que antes a família toda migrava. Agora, quem deixa sua terra tende a ir sozinho. "Problemas de moradia, oferta de emprego e violência contribuem para isso", comenta. E as intenções também mudaram: o emigrante de agora almeja ficar fora o tempo suficiente para ganhar um bom dinheiro.

*Fonte: FIBGE, PNAD 2004. Tabulações especiais NEPO/UNICAMP
Como ocorrem as interações culturais 
     
      Quem muda de cidade leva um pouco de si na bagagem: o jeito de falar e de se vestir, gostos culinários e musicais... E, se retorna, não é mais o mesmo: traz de volta um pouco do lugar onde viveu. "Assim, ocorre uma reconstrução cultural com os elementos de origem e os novos", explica Sueli Furlan.
      O choque entre culturas muito diferentes pode implicar o isolamento dos migrantes, que se fecham em guetos, para se manter firmes em sua identidade ou se proteger de preconceitos.
      Além de ajudar os alunos a identificar e compreender essas interações, é importante promover reflexões sobre discriminação. Questione os estudantes a respeito do próprio comportamento: eles têm amigos vindos de outros lugares? E os que são migrantes? Como se relacionam com a população local?
      Outro ponto a ser trabalhado é a capacidade do migrante de imprimir transformações aonde chega. Os gaúchos são famosos pelo poder de 'reterritorializar', reproduzindo a paisagem do Rio Grande do Sul por onde passam. Nortistas e nordestinos se notabilizam por instalarem as casas do norte, lojas que vendem produtos típicos de suas regiões. "Esse poder se deve a muitos fatores, como a classe social, a força dos laços de identidade e o tipo de participação política", explica Rogério Haesbaert, da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Migração não é sinônimo de problema social 
           O senso comum diz que o movimento de pessoas em busca de novas oportunidades sempre causa desemprego e violência. Estudo realizado por José Marcos da Cunha e Cláudio Dedecca, que compara a relação entre migração e trabalho, mostra que não é bem assim. Nos anos 1960 e 70, os imigrantes garantiram a força de trabalho para a expansão da região metropolitana de São Paulo. Quando as taxas de desemprego começaram a subir em razão de crises econômicas, muita gente julgou que eram eles que tomavam as vagas dos paulistanos. Porém, a partir dos anos 1990, começou a redução do fluxo migratório e era o crescimento natural da população que aumentava a oferta de trabalhadores. Ideias como essas distorcem a imagem dos migrantes, gente que faz parte da construção da economia e da cultura do nosso país.

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