quarta-feira, 9 de maio de 2012

8o Ano - Ensino Fundamental

1 – REGIONALIZAÇÃO DO MUNDO ATUAL
                       Por Eduardo de Freitas

       Na ciência geográfica o conceito de região está ligado à idéia de diferenciação de áreas.
      As regiões podem ser estabelecidas de acordo com critérios naturais, abordando as diferenças de vegetação, clima, relevo, hidrografia, fauna e etc., e sociocultural que corresponde à avaliação das condições sociais e culturais que insere neste contexto o índice de desenvolvimento humano para explicitar como vivem as pessoas em determinado lugar.
      Para uma melhor análise dos dados e das diferenças existentes no mundo, e para não generalizar as informações, faz-se necessário a regionalização de áreas de abordagens, oferecendo várias vantagens aos estudos geográficos.
A partir das considerações, em 1960, o mundo foi regionalizado e/ou classificado em Primeiro, Segundo e Terceiro Mundo.
      A expressão Terceiro Mundo foi utilizada pela primeira vez pelo economista Francês Alfred Sauvy, em 1952, ele construiu essa expressão observando as desigualdades econômicas, sociais e políticas, verificou que os países industrializados eram desenvolvidos, sua população vivia melhor, enquanto os outros países enfrentam muitos problemas de ordem econômica, sua população vivia em condição não muito satisfatória.
      Além de receber essas denominações o mundo foi regionalizado e/ou classificado em países ricos e pobres ou centrais e periféricos; os ricos (centrais) são países que estão no centro das decisões mundiais, são desenvolvidos, industrializados, avançados tecnologicamente, com economia estável, os países pobres (periféricos) são países subdesenvolvidos, pouco industrializados, com produção primária, dependente economicamente e de economia instável com grande incidência de crises.
      E por último o mundo pode ser regionalizado ou denominado de desenvolvidos e subdesenvolvidos. Desenvolvidos são aqueles países que além de ter um grande crescimento econômico e industrial, oferece para seu cidadão uma boa qualidade de vida, como saúde, preocupação com os idosos, acesso ao conhecimento, a cultura, segurança, boa renda pra maioria da população etc., em contrapartida, os países subdesenvolvidos possuem características inversas, como não oferece boa condição de vida à sua população, economia dependente, grande concentração de renda, educação deficiente assim como a saúde.
      Em suma, pode-se constatar que não basta mudar as denominações, pois as diferenças são sempre as mesmas, a classificação não transforma suas características somente pela mudança de nomes: desenvolvidos, ricos, centrais, subdesenvolvidos, pobres e periféricos, pois as suas particularidades permanecem.

Países Desenvolvidos e Subdesenvolvidos

      O economista Joseph Alois Schumpeter (1883-1950) foi um dos precursores desta proposta de regionalização. Ele propôs o conceito de desenvolvimento econômico condicionado às idéias de inovação tecnológica e da ruptura do “fluxo circular”. Schumpeter privilegiou a atuação do empreendedor, do inovador na superação da condição de pobreza, da precariedade. Assim estabeleceu a divisão do mundo entre aqueles que se desenvolveram e os que supostamente poderiam se desenvolver.
      Entre as diversas escolas do pensamento econômico se destacam as seguintes idéias:

    Liberalismo - o subdesenvolvimento é sinônimo de estagnação econômica.
   Neoliberalismo - criou os rótulos “países em desenvolvimento” e “países emergentes”, e posicionou os antigos “subdesenvolvidos” dentro de uma fase do desenvolvimento.
  Estruturalismo - estabeleceu que, além das razões econômicas, o subdesenvolvimento era resultante da fragilidade das instituições próprias de cada Estado.
 Keynesianismo - determinou o subdesenvolvimento como fruto da ausência de um Estado forte, capaz de impor medidas reguladoras, subsídios e protecionismo alfandegário.
  Teoria da Dependência - argumentou que o subdesenvolvimento é resultado de trocas internacionais desiguais e não da ausência do desenvolvimento, portanto, é produto do desenvolvimento desigual de outros países.

       

Países Centrais e Periféricos

      Rosa Luxemburgo (1870-1919), filósofa marxista e militante revolucionária cuja bandeira era “Socialismo ou barbárie”, foi grande defensora desta proposta de regionalização. No sistema capitalista, segundo esta concepção, os países centrais e os países periféricos travam um conflito desigual, no qual não há espaço para que os menos abastados alcancem qualquer forma de progresso, seja social ou econômico.
      Cada país ocupa um espaço e desempenha seu papel no mundo capitalista, assim a periferia jamais chegará ao centro. No início do século XX, esta visão de mundo foi adotada por inúmeros movimentos revolucionários, depois esquecida por algumas décadas. Na atualidade voltou a ganhar espaço nos meios acadêmicos. Em 1949, o economista argentino Raul Prebish apresentou a tese O Desenvolvimento Econômico da América Latina e seus Principais Problemas. Nesta obra, a difusão do progresso técnico e a distribuição dos seus ganhos na economia mundial aconteciam de forma desigual. No centro, a difusão do progresso técnico teria sido mais rápida e homogênea, enquanto na periferia, o progresso só atingiria setores ligados à exportação em direção ao centro.
A CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe da Organização das Nações Unidas), criada também em 1949, adotou esta linha em seus estudos. PRIMEIRO, SEGUNDO E TERCEIRO MUNDOS Em 1952, o demógrafo francês Alfred Sauvy (1898-1990), cunhou a expressão “Terceiro Mundo” para classificar as novas nações da Ásia e da África que surgiam durante o processo de descolonização, após a Segunda Guerra Mundial (1939- 1945).
      Sauvy notou semelhanças entre as aspirações dessas nações com as do “terceiro estado” antes da Revolução Francesa. Em 1789, o “terceiro estado” representava 95% da população, porém somente o primeiro e segundo estados (clero e nobreza) tinham real representatividade política, privilégios jurídicos e fiscais, o “terceiro estado” arcava com a carga tributária. Na sua concepção, os países que se opunham às metrópoles imperialistas formavam o “Terceiro Mundo”, isto é, um bloco de países capitalistas jovens, desprovidos de capital e crédito, entre outras formas de precariedade. O “Segundo Mundo” era constituído pelos países socialistas, o “Primeiro Mundo” pelos países capitalistas dominantes.
      Em 1955, na primeira Conferência entre os países “Não Alinhados”, realizada em Bandung, na Indonésia, esta proposta de regionalização ganhou espaço na mídia e se popularizou nos anos da Guerra Fria. De forma equivocada esta proposta de 2 regionalizações ainda é utilizada, mesmo não existindo países socialistas (Segundo Mundo), pelo menos em sua concepção original. Nos seus últimos anos de vida, Sauvy declarou que tal denominação deveria ser abolida. Para ele, o “Terceiro Mundo” deveria ser um bloco politicamente oposto ao “Primeiro Mundo” e não somente um agrupamento de países de grande precariedade econômica. Além disso, os países designados como “Terceiro Mundo” não poderiam servir ao interesses dos países dominantes.

 

Países do Norte e do Sul

      Diferente das demais propostas de regionalização, esta não apresenta um autor precursor, mas cabe destacar o presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, como um dos responsáveis pela popularização dessa representação. Após décadas de Guerra Fria, o enfrentamento ideológico entre Socialismo e Capitalismo (Leste x Oeste) perdeu espaço para a disputa econômica entre Ricos e Pobres (Norte x Sul). A idéia ganhou força no início da década de 1990, a partir da dissolução da União Soviética, principal representante do “Segundo Mundo”.
      Com relação a essas representações, deve ficar claro que são simplificações arbitrárias, convenientes para a maior parte da mídia e para os Estados que as endossam. Em nenhum momento o Leste foi totalmente Socialista nem o Oeste plenamente Capitalista. A divisão entre Norte e Sul também é uma representação simbólica, que desrespeita a Linha do Equador. A desigualdade entre Norte e Sul já existia, mas não se evidenciou após a Segunda Guerra Mundial devido ao predomínio da Guerra Fria.

Por: Marcelo Luiz Corrêa
Revisão: João Bonturi


Assista ao Vídeo sobre a nova ordem mundial:


2 – GLOBALIZAÇÃO

      O que é Globalização - Definição
      Podemos dizer que é um processo econômico e social que estabelece uma integração entre os países e as pessoas do mundo todo. Através deste processo, as pessoas, os governos e as empresas trocam idéias, realizam transações financeiras e comerciais e espalham aspectos culturais pelos quatro cantos do planeta.
      O conceito de Aldeia Global se encaixa neste contexto, pois está relacionado com a criação de uma rede de conexões, que deixam as distâncias cada vez mais curtas, facilitando as relações culturais e econômicas de forma rápida e eficiente.


Origens da Globalização e suas Características  

      Muitos historiadores afirmam que este processo teve início nos séculos XV e XVI com as Grandes Navegações e Descobertas Marítimas. Neste contexto histórico, o homem europeu entrou em contato com povos de outros continentes, estabelecendo relações comerciais e culturais. Porém, a globalização efetivou-se no final do século XX, logo após a queda do socialismo no leste europeu e na União Soviética. O neoliberalismo, que ganhou força na década de 1970, impulsionou o processo de globalização econômica.
      Com os mercados internos saturados, muitas empresas multinacionais buscaram conquistar novos mercados consumidores, principalmente dos países recém saídos do socialismo. A concorrência fez com que as empresas utilizassem cada vez mais recursos tecnológicos para baratear os preços e também para estabelecerem contatos comerciais e financeiros de forma rápida e eficiente.  Neste contexto, entra a utilização da Internet, das redes de computadores, dos meios de comunicação via satélite etc. 
      Uma outra característica importante da globalização é a busca pelo barateamento do processo produtivo pelas indústrias. Muitas delas, produzem suas mercadorias em vários países com o objetivo de reduzir os custos. Optam por países onde a mão-de-obra, a matéria-prima e a energia são mais baratas. Um tênis, por exemplo, pode ser projetado nos Estados Unidos, produzido na China, com matéria-prima do Brasil, e comercializado em diversos países do mundo.
      Para facilitar as relações econômicas, as instituições financeiras (bancos, casas de câmbio, financeiras) criaram um sistema rápido e eficiente para favorecer a transferência de capital e comercialização de ações em nível mundial.. 
      Investimentos, pagamentos e transferências bancárias, podem ser feitos em questões de segundos através da Internet ou de telefone celular.
      Os tigres asiáticos (Hong Kong, Taiwan, Cingapura e Coréia do Sul) são países que souberam usufruir dos benefícios da globalização.    Investiram muito em tecnologia e educação nas décadas de 1980 e 1990.   Como resultado, conseguiram baratear custos de produção e agregar tecnologias aos produtos. Atualmente, são grandes exportadores e apresentam ótimos índices de desenvolvimento econômico e social.

Blocos Econômicos e Globalização

      Dentro deste processo econômico, muitos países se juntaram e formaram blocos econômicos, cujo objetivo principal é aumentar as relações comerciais entre os membros. Neste contexto, surgiram a União Européia, o Mercosul, a Comecom, o NAFTA, o Pacto Andino e a Apec. Estes blocos se fortalecem cada vez mais e já se relacionam entre si.  Desta forma, cada país, ao fazer parte de um bloco econômico, consegue mais força nas relações comerciais internacionais.

Internet, Aldeia Global e a Língua Inglesa

      Como dissemos, a globalização extrapola as relações comerciais e financeiras. As pessoas estão cada vez mais descobrindo na Internet uma maneira rápida e eficiente de entrar em contato com pessoas de outros países ou, até mesmo, de conhecer aspectos culturais e sociais de várias partes do planeta. Junto com a televisão, a rede mundial de computadores quebra barreiras e vai, cada vez mais, ligando as pessoas e espalhando as idéias, formando assim uma grande Aldeia Global. Saber ler, falar e entender a língua inglesa torna-se fundamental dentro deste contexto, pois é o idioma universal e o instrumento pelo qual as pessoas podem se comunicar.

O Brasil na Globalização

      Por ser um país integrado a economia mundial capitalista e com conexões culturais com diversos países do mundo, o Brasil está participando atividade do mundo globalizado.


Economia brasileira e a globalização

      O Brasil possui uma economia aberta ao mercado internacional, ou seja, nosso país vende e compra produtos de diversos tipos para diversas nações. Fazer parte da globalização econômica apresenta vantagens e desvantagens.
      As vantagens é o acesso aos produtos internacionais, muitas vezes mais baratos ou melhores do que os fabricados no Brasil. Por outro lado, estes produtos, muitas vezes, entram no mercado brasileiro com preços muitos baixos, provocando uma competição injusta com os produtos nacionais e levando empresas à falência e gerando desemprego em nosso país. Isso vem ocorrendo atualmente com a grande quantidade de produtos chineses (brinquedos, calçados, tecidos, eletrônicos) que entram no Brasil com preços muito baixos.
      Outra questão importante no aspecto econômico é a integração do Brasil no mercado financeiro internacional. Investidores estrangeiros passam a investir no Brasil, principalmente através da Bolsa de Valores, trazendo capitais para o país. Porém, quando ocorre uma crise mundial, o Brasil é diretamente afetado, pois tem sua economia muito ligada ao mundo financeiro internacional. É muito comum, em momentos de crise econômica mundial, os investidores estrangeiros retirarem dinheiro do Brasil, provocando queda nos valores das ações e diminuição de capitais para investimentos.


Cultura brasileira e globalização

      No aspecto cultural os pontos são mais positivos do que negativos. Com a globalização, os brasileiros podem ter acesso ao que ocorre no mundo das artes, cinema, música, etc. Através da televisão, internet, rádio, cinema e intercâmbios culturais, podemos ficar conectados ao mundo cultural internacional. Conhecimentos científicos, artísticos e tecnológicos chegam ao Brasil e tornam nossa cultura mais dinâmica e completa.
      Por outro lado, a cultura brasileira sofre com essa influência musical e comportamental maciça, principalmente originária dos Estados Unidos. As músicas, os seriados e os filmes da indústria cultural norte-americana vão espalhando comportamentos e gostos que acabam diminuindo, principalmente entre os jovens, o interesse pela cultura brasileira.


Principais aspectos negativos da globalização

- Uma dos principais aspectos negativos da globalização é a forte contaminação de vários países em caso de crise econômica em um país ou bloco econômico de grande importância. O exemplo mais claro desta situação é a crise econômica de 2008 ocorrida nos Estados Unidos. Rapidamente ela se espalhou pelos quatro cantos do mundo, gerando desemprego, falta de crédito nos mercados, queda abrupta em bolsas de valores, falências de empresas, diminuição de investimentos e muita desconfiança. O mesmo aconteceu em 2011 com a crise econômica na Europa.

- A globalização favorece a transferência de empresas e empregos. Países que oferecerem boas condições (mão-de-obra barata e qualificada, baixa carga de impostos, matéria-prima barata, etc.) para costumam atrair empresas que saem de países onde o custo de produção é alto. Este fato acaba ocasionando desemprego, principalmente, nos países mais desenvolvidos. Um bom exemplo é o que está ocorrendo na Europa desde o início do século XX. Muitas empresas transferiram suas bases de produção para países como China, Índia, Cingapura, Taiwan, Malásia, etc.

- A globalização pode provocar distorções cambiais, principalmente alta valorização de moedas locais de países em desenvolvimento. Quando os Estados Unidos colocam no mercado uma grande quantidade de dólar, por exemplo, grande parcela deste volume acaba em países emergentes, valorizando a moeda local. Este fato acaba favorecendo as importações e desfavorecendo as exportações das empresas destes países emergentes. O Brasil, por exemplo, tem sofrido com a alta valorização do Real nos últimos anos, desde que os bancos centrais dos Estados Unidos e da Europa despejaram no mercado elevadíssimos volumes de moedas.

- Facilidade de especulações financeiras, causando problemas para as finanças, principalmente dos países em desenvolvimento. Como na globalização os mercados dos países estão interligados, bilhões de dólares podem entrar ou sair de um país em questão de segundos. Este capital especulativo acaba prejudicando muito a economia dos países que não conseguem controlar este fluxo de capitais.



3 - AMÉRICA LATINA


      A expressão “América Latina” é usada comumente para se referir a todos os países do continente americano com exceção de EUA e Canadá. Porém, não há nenhuma “lista” oficial de países “latino-americanos” e as diversas fontes de informação divergem um pouco quanto aos países que realmente fariam parte da América Latina.
      Segundo o senso comum, ou o significado mais empregado, os países que compõem a “América Latina” seriam os que fazem parte da América do Sul, América Central México.
      Essa definição é parecida com a que é utilizada pela ONU, porém, da classificação geralmente utilizada por ela, são excluídos o Caribe e o México, embora eles possam aparecer em outras definições.
      Por outro lado, algumas fontes definem a “América Latina” como o nome que se dá aos países dos continentes americanos que foram colonizados predominantemente por países latinos (denominação dada aos países europeus que surgiram após a queda do Império Romano do Ocidente e que têm como língua majoritária, línguas latinas. Por exemplo: Espanha, França, Portugal, Romênia, etc.) e onde a língua oficial é derivada do latim (neolatina), como o espanhol, o português e o francês.
      Segundo esta definição, não fariam parte da América Latina, além dos EUA e Canadá (embora no Canadá as línguas oficiais sejam o inglês e o francês e este último seja o mais falado), o Suriname e a Guiana, ambos colonizados por Inglaterra e Holanda (países de origem germânica) e que tem como língua oficial o holandês e o inglês, respectivamente. Mas esta definição engloba também, alguns países do Caribe como Cuba, Haiti e República Dominicana, que tem o espanhol ou o francês como língua oficial.
      A expressão teria sido usada pela primeira vez por Napoleão III no século XIX, na mesma época em que teria surgido a expressão de “Europa latina” para designar os países europeus de língua neolatina. Outras fontes apontam para Michel Chevalier que teria usado o termo em 1836.
      A utilização do termo foi consolidada com a criação da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) em 1948, pelo Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC) e a partir daí passou a ser largamente utilizado para denominar os países latino-americanos, embora com algumas divergências.
      A junção de todos os países das Américas do Sul e Central em uma denominação comum, não pode, contudo, levar a uma interpretação errônea de que todos estes países são iguais. Seja cultural, econômica, ou socialmente.

Relevo:

     
      As principais unidades do relevo latino-americano são:

  • Planícies costeiras junto ao oceano Pacífico, que se apresentam bastante estreitas.
  • Altas cordilheiras formadas durante o período terciário, no qual ocorreu intenso tectonismo, com o posterior dobramento das camadas de rochas, o que provocou o aparecimento de cordilheiras. Apresentando altitudes superiores a 5 mil metros e picos geralmente cobertos por neve, as altas cordilheiras da América Latina resultaram ainda de outras manifestações tectônicas, como terremotos, e da ação de vários vulcões, alguns dos quais prontos para entrar em atividade. No México a cordilheira recebe o nome de Sierra Madre e forma duas cristas paralelas (linhas no relevo que reúnem os pontos mais altos, denominadas Sierra Madre Ocidental e Sierra Madre Oriental. Na América Central, a continuação dessa cordilheira é constituida por serras, como as de Isabela e Talamanca. Na América do Sul, surgem os Andes, cujo ponto mais alto é o pico Aconcágua, com 6.959 metros, na Argentina. Tal como na Sierra Madre, os Andes apresentam cristas, entre as quais se localizam planaltos soerguidos, conhecidos na região como altiplanos, com altitudes superiores a 3 mil metros.

Clima:


      O clima de qualquer região depende de muitos fatores: latitude, altitude e disposição do relevo, massas de ar, continentalidade, maritimidade, correntes marítimas, etc. Uma menor ou maior latitude indica se uma área está mais próxima ou mais distante do Equador e, conseqüentemente, se é mais ou menos quente. Além disso, em função do relevo, essa área pode apresentar, conforme a altitude, diferentes faixas de temperatura.
       Com base nisso, não é difícil deduzir que em quase toda a América Latina predominam altas temperaturas e que estas vão se reduzindo em direção ao Pólo Sul. Por isso, a parte meridional da América Latina, chamada de Cone Sul, é uma região de verões amenos e invernos frios.
      Devido à sua alongada disposição norte-sul, que faz o território americano situar-se em diferentes latitudes, ele apresenta grande diversificação climática.
      Na América Latina destacam-se os climas tropicais, úmidos ou secos, aparecendo, em alguns pontos, o tropical de altitude. Em meio a essa vasta extensão tropical, existe um trecho de clima equatorial, também muito amplo, marcado por reduzida amplitude térmica, elevadas temperaturas e chuvas constantes.
      A partir do Trópico de Capricórnio, na América do Sul, os tipos climáticos dominantes modificam-se progressivamente com o aumento da latitude, passando a predominar os climas temperados e frios. A influência do relevo sobre a temperatura é mais nítida na parte oeste, onde as cordilheiras apresentam faixas de terras quentes, temperadas e frias. Essas faixas vão desaparecendo à medida que diminui a distância em relação ao pólo sul, onde mesmo ao nível do mar já se encontram áreas permanentemente geladas.
      A influência do relevo sobre a temperatura é mais nítida na parte oeste, onde as cordilheiras apresentam faixas de rras quentes temperadas e frias. Essas faixas vão desaparecendo à medida que diminui a distância em relação ao Pólo Sul, onde mesmo ao nível do mar já se encontram áreas permanentemente geladas.
      Na América Latina, os ventos contribuem para alterar o regime de chuvas e as próprias temperaturas Em alguns países da América do Sul, principalmente nos do centro-sul, é bastante nítida a redução brusca da temperatura quando chega uma frente fria.
      As elevadas temperaturas da região equatorial atraem, durante o inverno, as massas de ar frio, que geralmente provocam chuvas e posterior declínio da temperatura em sua passagem. Durante o verão, no hemisfério austral, as temperaturas mais elevadas ocorrem na parte central da América do Sul, atraindo ventos do oceano Atlântico.
      Como toda região predominantemente tropical, a América Latina apresenta grandes contrastes: algumas áreas muito úmidas e outras desérticas ou semidesérticas. As primeiras são comuns na parte equatorial da América do Sul ou em áreas litorâneas. Já as áreas desérticas surgem sobretudo quando o relevo impede a passagem de ventos úmidos para o interior). Existem alguns desertos (menos de 250 mm de chuvas anuais) na América Latina: Mexicano; de Atacama, entre o Chile e o Peru e da Patagônia, no sul da Argentina. Essa parte do continente americano apresenta também áreas semidesérticas nos planaltos mexicanos e no Polígono das Secas, no Nordeste brasileiro.
      Essas áreas secas recebem pouquíssimas chuvas porque a disposição do relevo as isola do litoral, impedindo o contato com ventos úmidos. O deserto de Atacama formou-se devido à influência da corrente marítima de Humboldt que, ao esfriar as águas do Pacífico, provoca a condensação de nuvens saturadas de vapor de água ao nível do oceano, fazendo com que elas cheguem secas ao continente.

Hidrografia:


      Devido à disposição do relevo, a grande maioria dos rios da América Latina é drenada de oeste para leste, pois o paredão da cordilheira dos Andes faz com que eles se dirijam para o Atlântico.
      Sendo, de maneira geral, uma região bastante úmida, a América Latina possui, na maior parte de sua extensão, uma vasta rede hidrográfica. Destacam-se na América do Norte, o rio Grande, separando os Estados Unidos do México; na América Central, em Honduras, o rio Patuca. Na América do Sul, em sua porção norte, merecem destaque os rios Madalena, na Colômbia, e Orinoco (na Venezuela) que deságuam no mar das Antilhas e banham importante área agropastoril da fachada norte do continente, além de outros rios importantes que ganham projeção nas suas partes central e meridional, como o colossal Amazonas e os rios Paraná, Paraguai e Uruguai, que formam a bacia Platina, todos desaguando no oceano Atlântico.
      A América Latina não apresenta, ao contrário da América do Norte, grandes extensões lacustres, mas ainda assim possui inúmeras lagoas costeiras, sobretudo na vertente atlântica, como a lagoa dos Patos, no Brasil; lagoas de inundação nas planícies Amazônica e do Orinoco; e lagos de altitude, como o Titicaca, entre o Peru e a Bolívia.

Vegetação:


      A maior parte da cobertura vegetal que revestia a América Latina até o século XVI já não existe mais. A vegetação somente foi preservada nos locais de pequeno interesse econômico ou em áreas de relevo abrupto. Mas, mesmo assim, é muito fácil reconstituir a formação vegetal primitiva, uma vez que ela era resultado do clima e do tipo de solo em que se desenvolveu. Assim, é possível identificar na região:

Referências

  1. a b c d ANTUNES, Celso. Capítulo 6: A paisagem natural da América Latina. In: ANTUNES, Celso. Geografia e participação, volume 3: Américas e regiões polares. São Paulo: Scipione, 1991. p. 53.
  2. a b c d e f ANTUNES, Celso. Capítulo 6: A paisagem natural da América Latina. In: ANTUNES, Celso. Geografia e participação, volume 3: Américas e regiões polares. São Paulo: Scipione, 1991. p. 54.
  3. ANTUNES, Celso. Capítulo 6: A paisagem natural da América Latina. In: ANTUNES, Celso. Geografia e participação, volume 4: Américas e regiões polares. São Paulo: Scipione, 1991. p. 54.
  4. a b c d e f g ANTUNES, Celso. Capítulo 6: A paisagem natural da América Latina. In: ANTUNES, Celso. Geografia e participação, volume 3: Américas e regiões polares. São Paulo: Scipione, 1991. p. 57.
  5. a b c d ANTUNES, Celso. Capítulo 6: A paisagem natural da América Latina. In: ANTUNES, Celso. Geografia e participação, volume 3: Américas e regiões polares. São Paulo: Scipione, 1991. p. 58.
  6. a b c ANTUNES, Celso. Capítulo 6: A paisagem natural da América Latina. In: ANTUNES, Celso. Geografia e participação, volume 3: Américas e regiões polares. São Paulo: Scipione, 1991. p. 56.
  7. ANTUNES, Celso. Capítulo 6: A paisagem natural da América Latina. In: ANTUNES, Celso. Geografia e participação, volume 3: Américas e regiões polares. São Paulo: Scipione, 1991. p. 58-59.
  8. ANTUNES, Celso. Capítulo 6: A paisagem natural da América Latina. In: ANTUNES, Celso. Geografia e participação, volume 4: Américas e regiões polares. São Paulo: Scipione, 1991. p. 59.
  9. a b c d ANTUNES, Celso. Capítulo 6: A paisagem natural da América Latina. In: ANTUNES, Celso. Geografia e participação, volume 3: Américas e regiões polares. São Paulo: Scipione, 1991. p. 59.

Cultura:

      A América Latina comporta uma grande diversidade cultural, pois há uma mescla de línguas, etnias e costumes. Embora o espanhol seja a língua dominante, fala-se também português, francês e, em algumas regiões, até mesmo inglês e holandês. Há também uma grande variedade de línguas nativas, destacando-se o quíchua, herdado dos incas e falado no Peru, Equador, Bolívia e Argentina.
      A etnia dos habitantes da América Latina varia muito de um país para outro.  Ainda que a mestiçagem seja intensa, há nações em que a maioria dos habitantes é branca (Argentina e Uruguai), outras em que a quase totalidade dos habitantes é de origem negra (Haiti, República Dominicana, Granada, Bahamas e Barbados) e algumas em que há forte presença de sangue índio (Peru,  Bolívia, México, Equador e Paraguai).
      Há países verdadeiramente mestiços (Colômbia e Venezuela) e outros como o Brasil, no qual existem regiões de população predominante branca e outras que apresentam maioria de negros, mestiços ou índios.
      A maioria da população professa o catolicismo romano, mas em alguma parte desses países latino-americanos é crescente o número de protestantes, popularmente chamados no Brasil como evangélicos. Há também minorias de judeus, muçulmanos, hinduístas, budistas, espíritas — já que o Brasil é o país com o maior número de adeptos dessa religião —, e praticantes de cultos afro-brasileiros.

Problemas sociais:


      Politicamente, a América Latina não se apresenta uniforme em relação às suas características humanas. Durante muito tempo, a região caracterizou-se pela instabilidade política. Durante a década de 1980, porém, vários países passaram por um período de transição democrática e, hoje, há eleições livres em quase toda a América Latina, embora existam focos de tensão em alguns países onde grupos de tendências políticas opostas lutam pelo poder.
      Todos os países latino-americanos caracterizam-se pelo subdesenvolvimento, embora alguns ostentem grande avanço industrial e tecnológico, controlado majoritariamente pelo capital transnacional, como é o caso do Brasil, México e Argentina. A maioria, no entanto, possui uma economia agrícola baseada em técnicas primitivas e numa desigual distribuição de terras, que privilegia sempre os grandes proprietários.
      Marcada assim por tantas diferenças entre os países que a compõem, percebemos que a expressão "América Latina" acaba por objetivar contextualizar, no continente americano, a parte subdesenvolvida da parte rica e industrializada que para salientar uma noção de unidade.



4 – AMÉRICA ANGLO-SAXÔNICA


      Convencionou-se chamar de “América Anglo-saxônica” ao conjunto dos países: Canadá e EUA, em oposição ao termo “América Latina” que denomina os países da América do Sul e Central, e em algumas definições, também o México e o Caribe.
      Essa denominação deve-se ao fato de que estes países tiveram sua colonização realizada majoritariamente por países de origem anglo-saxônica: “anglo-saxões” é a denominação dada aos habitantes da Inglaterra após a vitória dos saxões, povo germânico, sobre os bretões.
      Entretanto, essa divisão é um pouco controversa, visto que não engloba alguns países e outros territórios caribenhos que tem com língua oficial o inglês ou outras línguas de origem germânica, e estão ou estiveram sob domínio dos ingleses (a maior parte das ilhas caribenhas foi colonizada por espanhóis, porém passaram ao domínio dos ingleses, posteriormente).
      Outro ponto de controvérsia está no fato de que o Canadá durante o período de sua colonização esteve ora sob domínio francês, um povo latino, ora sob domínio inglês, povo germânico, e tem como línguas oficiais o francês e o inglês. E na região de Quebec (antiga Província do Canadá, junto com Ontário) o francês é a língua oficial, visto que as leis canadenses permitem que cada província eleja seu idioma oficial.

Geografia:


      O Círculo Polar Ártico é o único dos paralelos importantes que atravessa a América Anglo-Saxônica, cruzando a Groenlândia, o Canadá e o Alasca. Localizada inteiramente nos hemisférios norte e ocidental,[1] A Anglo Anglo-Saxônica estende-se de forma alongada desde o pólo norte, além dos 80 graus de latitude norte, até quase o Trópico de Câncer, a 25 graus de latitude norte; longitudinalmente, fica entre 10 graus e 180 de longitude oeste.
       Essa disposição geográfica coloca a América Anglo-Saxônica nas zonas climáticas temperada[2] e polar do norte, ou seja, em áreas temperadas e frias da Terra.
      São limites territoriais da América Anglo-Saxônica: ao norte, o oceano Glacial Ártico, que é a continuação natural dos oceanos Atlântico e Pacífico na direção do pólo norte; ao sul, o México; a leste, o oceano Atlântico; e a oeste, o oceano Pacífico. Seu território, em virtude da extensão, é atravessado por seis fusos horários.

Relevo:

      Observando um mapa físico da América Anglo-Saxônica, percebe-se que o relevo, de oeste para leste, apresenta nítida semelhança com o da América Latina.


Clima:


      A totalidade da América Anglo-Saxônica situa-se ao norte do Trópico de Câncer, onde o clima temperado, predominante na região, é responsável por temperaturas médias anuais inferiores a 20ºC. Em zonas frias, no extremo norte do continente, o clima polar caracteriza-se por temperaturas médias anuais baixíssimas.
       Além da latitude, o clima da América Anglo-Saxônica é também influenciado pelo relevo. As temperaturas diminuem nas partes mais altas e as planícies centrais formam verdadeiro corredor para os ventos gelados do norte. Ao mesmo tempo, as altas montanhas do oeste bloqueiam a passagem dos ventos do Pacífico, permitindo a formação de desertos à retaguarda das montanhas, como é o caso do deserto de Sonora, no sudoeste dos Estados Unidos.
      Também as correntes marítimas influenciam fortemente as condições climáticas regionais. As duas principais são a corrente da Califórnia bastante fria, que banha a costa oeste, acentuando ainda mais as características de clima temperado dessa área da América Anglo-Saxônica; e a corrente do Golfo, que banha a costa leste e, por ser bastante aquecida, faz com a península da Flórida e áreas próximas tenham clima tropical e subtropical.

Vegetação:


      A vegetação obedece às condições impostas principalmente pelo clima: assim, próximo ao oceano Glacial Ártico aparece a tundra canadense, que apenas durante o verão se liberta do gelo e da neve, mostrando musgos (em áreas geladas e úmidas) e líquens floridos (em áreas geladas e secas) Mais ao sul, na região fria do Canadá, aparece a floresta Canadense, constituída principalmente de coníferas, que se estende do Pacífico até a região dos Grandes Lagos.
      Nas proximidades dos Grandes Lagos e cobrindo os Apalaches, o planalto do Labrador e as Montanhas Rochosas, surge a floresta temperada, na qual as coníferas se associam a espécies que perdem as folhas durante o inverno (carvalho, álamo, faia, bordo, etc.).
      Junto ao Oceano Pacífico, nos Estados Unidos, destaca-se a floresta da Califórnia, famosa por suas árvores de mais de mil anos de idade, entre as quais sobressaem as sequoias, consideradas as mais altas árvores da Terra. Nas planícies centrais aparecem as pradarias, vasto tapete de vegetação rasteira constituído principalmente por formações herbáceas.
      As áreas desérticas, onde a pluviosidade é mínima, são dominadas por vegetação xerófila, tanto arbustiva como herbácea. No sudeste dos Estados Unidos, aparecem florestas tropicais.

Hidrografia:


      A América Anglo-Saxônica possui uma enorme região lacustre no nordeste, na fronteira dos Estados Unidos com o Canadá − a chamada região dos Grandes Lagos. Como verdadeiros lagos interiores, os lagos Superior, Michigan, Erie e Ontário, em meio a muitos outros menores, ocupam uma área tão vasta quanto à do estado brasileiro de São Paulo. Ligam ao oceano Atlântico pelo rio São Lourenço.
      No que se refere à extensão, merecem destaque na América Anglo-Saxônica, além do rio São Lourenço, o Mississípi, o Missouri, o Mackenzie, o Hudson (que passa pela cidade de Nova Iorque), o Colúmbia, o Colorado, o Grande (já nos limites dos Estados Unidos com o México) e outros, como o Yukon, o Athabasca, o Nelson e o Albany. Cerca de um terço do território dos Estados Unidos é drenado pela bacia dos rios Mississípi-Missouri que, situada a oeste dos Apalaches e a leste das Rochosas, ocupa o centro do país de norte a sul.

Placas tectônicas:


      A litosfera − camada de rochas que envolve a Terra − é uma espécie de assoalho do planeta, mas não é contínua. Apresenta-se dividida em placas, mais ou menos cacos de cerâmica não-cimentados. Essas placas, denominadas placas tectônicas, se deslocam com frequência devido a forças existentes no interior da Terra.
      Nos limites dessas placas, tais forças provocam um movimento ideal, que causa terremotos. Além disso, nas linhas de falhas entre as placas há pontos fracos, por as rochas quentes do interior da Terra, vez por outra, escapam, causando as erupções vulcânicas.
      A América Anglo-Saxônica está assentada sobre as placas tectônicas Norte-Americana e Pacífica. É importante reparar que os vulcões aparecem no limite entre as duas placas, na costa oeste do Alasca e do Canadá. Mais ao sul, também no limite entre as placas, localiza-se a falha de San Andreas, responsável por frequentes terremotos no estado norte-americano da Califórnia.

Regiões do Canadá:

      Para conhecer a realidade humana e econômica do Canadá, as províncias e os territórios canadenses podem ser agrupados em quatro regiões, que apresentam semelhanças físicas, humanas e econômicas: Grandes Lagos e vale do São Lourenço, que abrange as províncias de Ontário e Québec; litoral atlântico, constituído pelas províncias de New Brunswick, Nova Scotia, Ilha Príncipe Eduardo e Terra Nova; Colúmbia Britânica e pradarias (províncias de Alberta, Saskatchewan e Manitoba); e Norte, formados pelos territórios de Yukon, do Noroeste e do Nunavut.

Litoral atlântico:

    

       Essa região, porta de entrada para os Grandes Lagos e o vale do São Lourenço, caracteriza-se pela atividade pesqueira.[9] O centro de maior destaque é o porto de Halifax, que ampara o porto de Montreal na exportação de grãos — dos quais o Canadá é um dos maiores produtores mundiais — e de artigos industriais.
      A economia baseia-se na pesca, na agricultura, na mineração e na extração de madeiras. As várias reentrâncias da costa fazem do litoral atlântico canadense uma das maiores áreas pesqueiras do mundo, sendo a indústria de pescado a mais antiga da região. O bacalhau, o arenque e o salmão, além da lagosta, são as espécies mais pescadas. A região, principalmente nas áreas de clima mais frio, é muito rica em florestas de coníferas, sendo, por isso, grande produtora e exportadora de madeiras de lei e artigos de indústria de papel e celulose.
      A agricultura, desenvolvida nas porções meridionais, destaca-se pela produção de grãos, batata, frutas e forragens. A pecuária leiteira também é desenvolvida com sucesso. O subsolo, principalmente na península do Labrador, é bastante rico em minérios, como ferro, carvão, chumbo, cobre e zinco, o que permite o desenvolvimento de uma forte indústria metalúrgica e siderúrgica. Ainda na península do Labrador, a caça é uma importante atividade econômica.
      As províncias do litoral atlântico têm, em geral, baixa densidade demográfica. A população é majoritariamente de origem britânica, e o inglês é a língua principal, exceto em New Brunswick, onde cerca de 40% dos habitantes falam francês.
      Tanto a economia quanto a população das províncias litorâneas, excetuando-se a Terra Nova, têm crescido a índices mais baixos do que o Canadá como um todo. Caracterizam-se, assim, como uma região de estagnação econômica, e parte de seus habitantes migram para as províncias situadas mais a oeste.

Grandes Lagos e Vale do São Lourenço:


      Ao longo do rio São Lourenço localiza-se a principal concentração industrial e populacional canadense. Na fotografia, Vista do Rio São Lourenço na região das Mil Ilhas, entre Ontário e Nova Iorque.
      A porção mais importante dessa região está situada no sudeste do Canadá, no limite com o nordeste dos Estados Unidos, que é uma das regiões industriais mais importantes do mundo. Apresenta, como elemento mais importante do quadro natural, o conjunto dos Grandes Lagos e o vale do rio São Lourenço, que os liga ao oceano Atlântico.
      Por ser área de excelentes solos, grandes riquezas minerais (ferro, zinco, cobre e níquel) e fácil comunicação com o litoral, seu desenvolvimento foi notável - atualmente, constitui o verdadeiro coração econômico do Canadá. Já o norte da região - com invernos frios e longos, verões curtos e úmidos - não favorece a ocupação humana.
      A região apresenta importante produção agrícola e ativa pecuária leiteira, beneficiada pela proximidade dos grandes centros urbanos, que abrigam forte mercado consumidor. A base de sua economia, porém, são as muitas indústrias de transformação, com destaque para as siderúrgicas, mecânicas, automobilísticas e de papel e celulose.
      A população regional é predominantemente branca, descendente de britânicos, em Ontário, e de franceses, em Québec.
      Ontário, responsável por cerca de metade da produção industrial canadense, é a província mais desenvolvida e populosa do país. Nela predomina a população de origem britânica, à qual vieram se juntar imigrantes vindos, em sua maioria, da Europa: alemães, italianos, ucranianos, etc. Em Ontário está situada a maior cidade canadense, Toronto, com cerca de 3,8 milhões de habitantes.
      A província de Québec é a segunda mais industrializada e populosa do país. Aproximadamente 80% de seus habitantes falam francês, e Montreal, a sua maior cidade, é o segundo maior centro de língua francesa do mundo (o primeiro é Paris, capital da França).

Colúmbia Britânica e Pradarias:

      Essa região estende-se desde os Grandes Lagos até o oceano Pacífico, em uma vasta faixa de relevo baixo a leste, mas que se ergue bruscamente a oeste, devido à presença das Montanhas Rochosas.
      As províncias das pradarias - Alberta, Saskatchewan e Manitoba - detêm três quartos das terras aráveis do país e nelas existem grandes fazendas ocupadas por vastas plantações de trigo, aveia e cevada, responsáveis pela maior parte das exportações canadenses de grãos. Cultivo de cereais nas pradarias canadenses.    O Canadá é um dos maiores exportadores mundiais de trigo.
      Durante muito tempo, a economia das províncias das pradarias dependeu basicamente da exportação de trigo, o que as tornava bastante vulneráveis à oscilação dos preços no mercado internacional. Posteriormente, a exploração de minérios foi incentivada, permitindo inclusive a expansão industrial. As maiores reservas minerais das pradarias são petróleo, gás natural e metais (níquel, cobre, ouro, potássio, etc.). Alberta é a província mais desenvolvida e populosa, favorecida por suas grandes reservas de petróleo.
      Beneficiada pela energia abundante, em virtude do relevo acidentado, que propicia a existência de inúmeras quedas-d'água, aproveitadas para a construção de hidrelétricas, a Colúmbia Britânica é a terceira província do Canadá em desenvolvimento industrial (cerca de 9% do total do país). Além da indústria, são atividades econômicas de destaque: a exploração de madeiras, a pesca marítima (sobretudo de arenques), a exploração de minérios e a agropecuária (destacando-se a produção de frutas e leite).
      Apesar de ter sido a última das províncias a ser aberta à imigração, a Colúmbia Britânica é a terceira mais populosa do Canadá. A densidade demográfica é maior ao sul, onde se localiza Vancouver, a terceira maior cidade canadense. Vancouver abriga grandes comunidades chinesas e japonesas, além de ser o principal porto na costa do Pacífico.

Norte:

     
      Grande parte dos habitantes de Yukon e dos Territórios do Noroeste é esquimó. Embora esses dois territórios ocupem cerca de 40% das terras canadenses, abrigam apenas 3% da população do país.
      Abrangendo todas as terras localizadas ao norte do paralelo 60° N e todas as ilhas árticas, o Norte canadense, formado pelos territórios de Yukon e do Noroeste, apresenta temperaturas baixas e não favorece a ocupação humana. A densidade demográfica da região é, portanto, reduzidíssima. A população é composta principalmente de esquimós, índios e mineiros.[13]
      Os esquimós vivem da caça e da pesca, que lhes proporcionam alimentos, roupas, abrigo, ferramentas e utensílios; os mineiros instalam-se em acampamentos e exploram as riquezas minerais da região (petróleo, ouro, urânio, cobre, etc.).[13]

Regiões dos Estados Unidos:

       Para melhor o desenvolvimento econômico, social e cultural dos Estados Unidos, dividimos o país nas seguintes regiões geográficas: o Nordeste, a Bacia Central, o Sul, as grandes planícies, as montanhas, os desertos e a costa leste, além dos novos estados, o Alasca e o Havaí.[14]

Nordeste:


      O Nordeste abrange a planície dos Grandes Lagos e as duas vertentes do planalto dos Apalaches, bem como o litoral atlântico. É uma das regiões mais industrializadas e urbanizadas de todo o mundo, na qual existe grande quantidade de usinas siderúrgicas e fábricas de automóveis. Destaca-se também por possuir muitas propriedades agrárias, onde se pratica a policultura, com o cultivo de hortaliças e frutas, e se criam aves e gado leiteiro para atender ao grande consumo das cidades próximas.[15]
      Beneficiada por contar com excelentes jazidas de carvão e ferro, é a parte mais industrializada do continente americano. Destaca-se também a atividade comercial exportadora, que utiliza os grandes portos de Nova York, Boston, Filadélfia e Baltimore. Internamente, o transporte de carga ultrapassa a capacidade conjunta dos canais de Suez e do Panamá.[15]
      As cidades citadas, juntamente com Chicago, Detroit e Washington, estão entre as regiões metropolitanas do país. Algumas delas se expandiram de tal modo que não mais existem áreas rurais separando-as de cidades menores em suas proximidades. originam-se, então, as gigantescas metrópoles.[15]

Bacia Central:


      Estendendo-se dos Grandes Lagos ao sul do país, essa região tem como atividade econômica mais importante a agricultura, com grande destaque para a produção de milho, essencial para a economia dos Estados Unidos. O cultivo é altamente mecanizado e três quartos da produção são utilizados para ração animal, já que a pecuária tem grande expressão nessa área.[16]
      A concentração industrial é pouco significativa na região, mas as cidades de Saint Louis, Minneapolis, Cincinnati, Kansas City, Indianápolis e Columbus, com população variando de um a três milhões de habitantes, são as mais importantes da região.[16]

Sul:


      Essa região compreende a península da Flórida, as planícies meridionais percorridas pelos rios Mississippi e Tennessee, ao sul dos Apalaches, e toda a área em torno do golfo do México. A região é quente e as chuvas são abundantes, o que assegura as condições necessárias para o cultivo de frutas tropicais, o grande destaque agrícola da Flórida.[16]
      Bastante privilegiada quanto aos recursos energéticos, no Sul não faltam energia elétrica, carvão e petróleo, o que favorece o desenvolvimento industrial. As atividades econômicas de maior destaque são a agricultura e a intensa exploração do turismo, favorecida pelo clima tropical.[16]
      Boa parte da atual população da região é constituída por negros. A presença de mexicanos é expressiva, uma vez que grande parte do território do Sul foi conquistado pelo México no século passado. Miami e arredores têm recebido milhares de imigrantes, originários principalmente de países centro-americanos. Esses elementos étnicos não foram plenamente integrados à comunidade branca dominante, o que ainda hoje causa frequentes manifestações e atritos.[17]
      No que se refere às atividades econômicas do Sul predomina a cultura do algodão, explorado desde o período colonial, mas hoje já há diversificação das atividades agrícolas, como o cultivo de frutas, amendoim, fumo, cana-de-açucar e arroz.[17]
      O desenvolvimento econômico do Sul tem sido muito grande nas últimas décadas do século XX. As grandes reservas petrolíferas dos estados do Arkansas, Louisiana, Mississipi, Oklahoma e Texas permitiram a instalação da indústria petroquímica nessa região, cujo desenvolvimento tem sido um dos maiores dos Estados Unidos. A energia elétrica, necessária à petroquímica e outras indústrias, é abundante e provém das barragens industriais no vale do Tennessee.[17]
      Miami, Houston e Dallas abrigam importantes concentrações industriais e são mais populosas do Sul. Também merecem destaque Atlanta, Nova Orleans e San Antonio, todas com mais de um milhão de habitantes.[17]

Grandes Planícies:


      Ocupando uma vasta faixa que se estende de norte a sul, ao longo da parte central do país, essa região tem como base econômica duas atividades: a cultura do trigo e do milho e a pecuária, que deu origem a inúmeros estabelecimentos de industrialização de carne. No estado do Colorado é praticada a pecuária extensiva em larga escala.[18]
      A extração de petróleo é outra atividade econômica importante, sobretudo nos estados do Colorado, Oklahoma e Texas.[18]
      A população é relativamente densa, e Denver é a cidade mais populosa e industrializada da região.[18]

Montanhas e Desertos:


      Por se estenderem de norte a sul, a cadeia da Costa, a cadeia da Cascata e a serra Nevada bloqueiam a passagem de ventos úmidos vindos do Pacífico. Por outro lado, mais a leste, as Montanhas Rochosas constituem uma barreira contra as influências climáticas do Atlântico, propiciando a formação de enormes desertos no interior do país, como o do Colorado, por exemplo. Assim, nessa região alternam-se vales profundos, montanhas de cumes cobertos de neves e extensas áreas desérticas.[19]
      A região é muito rica em minérios, como prata, chumbo, ouro, estanho e sobretudo cobre, sendo que a mineração é a principal atividade econômica. Outras atividades de que se ocupa a população são pecuária extensiva, exploração de recursos minerais, agricultura e indústria de produtos alimentícios.[19]
      Para preservar suas belezas naturais, foram criados vários parques nacionais, como o Yosemite, o Yellowstone e o Grand Canyon, nos quais a flora e a fauna são mantidas intactas e cuja exploração turística destaca-se na economia da região.[19]
      A população, apesar de relativamente escassa e mal distribuída, formou cidades como Phoenix, Salt Lake City, Las Vegas e El Paso, onde é marcante a influência latina.[19]

Costa Oeste:


      A Califórnia lidera, no país, a produção de frutasabacates, damascos, pêssegos, amêndoas, azeitonas e sobretudo uvas, bem como, mais ao norte, maçãs e framboesas —, que são cultivadas com o emprego de técnicas modernas e de sistemas de irrigação que corrigem a pouca quantidade de chuvas.[19]
      Além da fruticultura, merecem destaque a pesca (salmão, camarão e lagosta), a indústria (eletrônica, naval, aeronáutica, automobilística e cinematográfica) e a exploração mineral (cobre, prata, zinco, ouro, urânio e petróleo).[20]
      Por estar relativamente próxima da Ásia, que tem ganho importância comercial cada vez maior nas últimas décadas, a costa oeste é a região norte-americana de maior crescimento populacional e econômico. É, ao mesmo tempo, porta de entrada das mercadorias procedentes da Ásia e porta de saída de frutas, cereais, pescados e produtos da indústria alimentícia.[20]
      Em virtude desse grande desenvolvimento, a Califórnia é, atualmente, o estado norte-americano mais populoso. A população é densa na costa oeste e as regiões metropolitanas mais importantes são: Los Angeles, São Francisco, Seattle, San Diego e Portland. Los Angeles é a maior cidade da costa oeste e a segunda dos Estados Unidos, abrigando um notável complexo industrial e mais de 14 milhões de habitantes em sua região metropolitana.[20]

Alasca e Havaí:


      Comprado da Rússia em 1867 e transformado em estado em 1958, o Alasca possui imenso território e uma população em franca expansão. Para efetuar sua ocupação, foram abertas rodovias, portos, oleodutos e aeroportos, de modo a explorar as extensas áreas aproveitáveis para a pecuária, o subsolo rico em metais preciosos, gás natural e petróleo e as águas piscosas do estado.[21]
      Situado na Polinésia, o Havaí é, desde 1959, o quinquagésimo estado norte-americano. Etnicamente, a população havaiana é bem mais heterogênea que a dos demais estados — cerca de 22% são brancos, 58% são de origem asiática (japoneses, chineses e filipinos), 17% são mestiços e apenas 2% são polinésios. A economia baseia-se no turismo, nas atividades militares (em virtude da posição geógrafica e estratégica do arquipélago) e, em menor grau, na agricultura (abacaxi e cana-de-açúcar) e na indústria.[21]

Política:


      Os Estados Unidos, o Canadá e o México assinaram o Acordo Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta, do North American Free Trade Agreement) em 1993, com objetivo de criar uma zona de livre comércio a ser implantada, por etapas, num prazo de 15 anos. Os três membros do Nafta abrigam uma população de aproximdamente 260 milhões de habitantes e detêm um mercado que movimenta 6,6 trilhões de dólares americanos, atualmente., Juntos, formarão o maior bloco econômico do mundo, abrindo oportunidades de maior crescimento da economia e de fazer frente à União Europeia e outras uniões econômicas, em formação no mundo inteiro.[22][23]
      Muito bem recebido por grupos empresariais, em geral, a criação do Nafta tem enfrentado forte opsição por parte de sindicatos norte-americanos, que são contrários à participação do México. Acreditam no aumento da imigração mexicana, com a livre circulação de pessoas no bloco, e temem que grande parte dos empregos na indústria sejam transferidos para o México, onde a mão-de-obra é mais barata e as leis de proteção ambiental são mais flexíveis do que nos Estados Unidos e no Canadá.[22][23]

Subdivisões:


      Existe uma grande diferença e muitas semelhanças entre os dois países da regiãoEstados Unidos e Canadá.[24] A diferença está no plano demográfico: ambos possuem quase a mesma extensão,[25] mas a população do primeiro é nove vezes maior que o segundo.[26] Este fato pode ser parcialmente explicado pelas características do quadro natural: situiadas em altas latitudes, a maior parte das terras canadenses são geladas, não favorecendo a presença de aglomerados urbanos.[24]
      Por outro lado, tanto os Estados Unidos como o Canadá, são países social e economicamente desenvolvidos. Como potências industriais e agrícolas, de maneira geral, apresenta quase total de analfabetos, baixas taxas de natalidade e ótimas condições de alimentação, saúde e habitação.[24]
      Nesses dois países, o governo é democrático, e os Estados Unidos constituem um dos mais perfeitos modelos de república federativa.[24] É composto por cinquenta estados, dois dos quais não pertencem ao seu território continuo: o Alasca, no extremo noroeste do continente americano, e o Havaí, arquipélago localizado no oceano Pacífico.[27]
      O Canadá é dividido em dez províncias e doze territórios, também federados, e está ligado à Comunidade Britânica (Commonwealth), englobando ex-colônias que mantém laços de fidelidade à Coroa britânica.[28] Nominalmente, o Canadá é governado pelo monarca inglês (Elizabeth II), representado por um governador-geral, enquanto a chefia efetiva do governo cabe a um primeiro ministro.[29]

Canadá:


      O Canadá é o maior país do continente americano e o segundo da Terra, após a Rússia.[30] É, entretanto, demograficamente vazio, abrigando menos habitantes que o Estado de São Paulo (31,5 milhões). Muito rico e desenvolvido, o Canadá é um país praticamente sem analfabetos, com elevada expectativa de vida para seus habitantes, alta renda per capita e índices muito baixos de mortalidade infantil.[28]
      País muito frio,[28] o Canadá apresenta grandes espaços inaproveitados, sendo cultivados apenas 4,57% de sua área total.[31] Apesar disso, a notável mecanização de sua agricultura torna-o um dos maiores produtores mundiais de trigo e de aveia, além de dar-lhe uma posição de destaque na produção de milho, centeio e cevada.[32]
      A pesca, principalmente do salmão e do bacalhau, é também uma atividade econômica muito importante para o Canadá,[33] assim como a criação de gado bovino e as aves, na qual se utiliza a mais moderna tecnologia.[34]
Cerca de 70% da população canadense vive na fronteira com os Estados Unidos, mais especificamente na região dos Grandes Lagos e vale do São Lourenço, que é uma das regiões mais industrializadas da Terra.[35] O Canadá é um grande produtor de veículos motorizados, papel de imprensa, produtos siderúrgicos e bens de consumo.[28] Muito bem dotado de riquezas minerais, o país explora grandes quantidades de petróleo, cobre, níquel, ferro, zinco e carvão.[28]
      A grande produção industrial e pecuária canadense, consequência direta das boas condições de saúde e alimentação da população e dos bons salários, propicia um alto recolhimento de impostos e tributos. Isto permite melhorias constantes em todos os setores (transportes, educação, energia, etc.), propiciando, por sua vez, o aprimoramento social e econômico da população.[33]
      Devido, em boa parte, às condições naturais do país, a faixa fronteiriça com os Estados Unidos é a mais desenvolvida, enquanto o Norte, quase inteiramente desabitado, é a região menos destacada economicamente.[33]
      Incentivado pela forte vinculação de sua economia com a dos Estados Unidos, o Canadá foi a primeira nação a ratificar o Nafta (Acordo Norte-Americano de Livre Comércio), em 1993, firmado também com o México.[36] A economia canadense é a segunda maior do bloco, após a norte-americana,[33] mas a sua população é a menor das três (cerca de 8% do total).[37] '

Estados Unidos:


      Os Estados Unidos são uma república federativa dividida em cinquenta estados, dois dos quais (Alasca e Havaí) não integrados às terras contínuas. Sua capital é a cidade de Washington e o inglês é a língua oficial. Mais de 72% da população vive nas cidades, o que testemunha a notável vocação industrial e comercial do país.[38]
      Diversos fatores geográficos e históricos conbinam-se para fazer dos Estados Unidos a mais rica e poderosa nação do planeta: enorme área aproveitável e predomínio de um clima que, em grande parte do território, é favorável à agricultura,[39] além do passado de parte do território como colônia de povoamento, o que contribuiu para a ocupação produtiva e duradoura do espaço.[40] Esse país auferiu ainda extraordinárias vantagens das duas guerras mundiais (1914-1918 e 1939-1945), graças às quais pôde projetar-se como o grande fornecedor de produtos industriais para a Europa.[41]
      A economia do país é altamente lucrativa e próspera, devido à extraordinária produção industrial e agrícola e também ao rico subsolo, do qual são extraídos minerais essenciais para o desenvolvimento. Destaca-se a produção de petróleo (uma das três maiores do mundo, junto com a da Rússia e a do Oriente Médio), cobre, ferro e carvão, além de alumínio, mica, urânio, zinco, enxofre, bauxita e gás natural.[39]
      Revelando o seu alto grau de riqueza e industrialização, os Estados Unidos consomem, por exemplo, nada menos que um terço da energia e do alumínio e um quarto de todo o aço produzido no mundo. A admirável força econômica dos Estados Unidos deve-se ao aproveitamento de seu espaço geográfico, assim como à sua poderosa indústria, com empresas que se ramificam por quase todo o mundo.[39]
      Em cada cem trabalhadores dos Estados Unidos, menos de três dedicam-se à agricultura, mas a alta mecanização coloca o país em grande destaque na produção de trigo, milho, centeio e algodão, o que o torna um grande exportador de alimentos.[42]
      A agricultura nos Estados Unidos apresenta uma produção altamente regionalizada, com áreas específicas para cada grande produção (milho, trigo, algodão, etc.), o que facilita a especialização da mão-de-obra, a comercialização e o apoio governamental ao agricultor. Essas áreas de cultivo de produtos específicos são chamados cinturões (belts).[42]
      O Interstate Highway System, a maior rede de rodovias expressas do planeta.
Muito bem servidos de vias de comunicação e transporte, os Estados Unidos detêm a liderança mundial no número de automóveis em circulação, de televisores, linhas telefônicas, usuários de Internet, etc. A rede de estradas norte-americana é a maior do mundo e cerca de 90% dela é asfaltada. Sua rede de vias navegáveis é também a maior do mundo. Como se isso não bastasse, o tráfego aéreo doméstico dos Estados Unidos responde por mais de um terço de todos os vôos comerciais do planeta.[43]
      Os Estados Unidos são um grande exportador de máquinas e equipamentos de transporte, veículos, cereais, algodão e produtos químicos, embora tenham de importar matérias-primas, minerais diversos, alguns produtos agrícolas e certos produtos não-industrializados.[43]
      Socialmente, essa riqueza manifesta-se através de fatos bastante significativos, como, por exemplo, alta expectativa de vida (78,37 anos), alta renda per capita (47 200 dólares), quase inexistência de analfabetos (1%), incomparáveis quantidades de bens de consumo - pelos menos um televisor em quase 100% das casas, um computador em mais de 30%, etc. Tudo isso reflete o grande desenvolvimento de uma nação que abriga 27 habitantes por quilômetro quadrado, totalizando uma população de cerca de 308 milhões de pessoas.[


5 – AMÉRICA ANDINA

      Está localizada na porção ocidental da América do Sul estendendo-se no sentido norte-sul e é formada pela Venezuela, Colômbia, Equador, Peru,Bolívia e Chile.

 Aspectos naturais

      A característica mais marcante do relevo da América Andina é a Cordilheira dos Andes que se estende de norte para sul acompanhando o oeste da América do Sul e é o aspecto comum do quadro natural dessa região. Encontramos também planícies litorâneas estreitas acompanhando o Pacífico e outras planícies na porção oriental nas terras baixas amazônicas. Em meio às montanhas que formam os Andes também registramos a existência dosaltiplanos na Bolívia e no Peru. O clima na cordilheira apresenta o típico comportamento das áreas com elevada amplitude altimétrica.
      Ao subirmos a Cordilheira registramos temperaturas cada vez menores e a presença de neve permanente nos picos mais elevados. É o clima de montanha. No sentido norte-sul registramos os climas: equatorial, tropical, desértico (sul do Peru e norte do Chile),mediterrâneo e temperado (diminuindo as temperaturas em direção ao sul do Chile). A presença do Deserto de Atacama no Chile e Peru é explicada pela influência da corrente marítima fria de Humboldt.
      Suas águas geladas dificultam a evaporação e os ventos úmidos provenientes do Pacífico condensam-se sobre ela provocando chuvas sobre o oceano. No continente,por essa razão, os índices de umidade são muito reduzidos. Esse deserto pode atravessar períodos de até 25 anos sem o registro de chuvas. Sua atmosfera muito seca é propícia à observação astronômica. A vegetação acompanha o clima observando-se a presença da Floresta Equatorial Amazônica, arbustos como os lhanos da Venezuela, Florestas Tropicais, xerófitas e estepes (Atacama) e Floresta Temperada de Coníferas no sul do Chile.  Os rios de maior destaque na América Andina são o Madalena na Colômbia, o Orenoco na Venezuela e um trecho do rio Amazonas no Peru. Na vertente do Pacífico os rios são curtos em extensão devido à proximidade do local de nascente (Andes) e o local da foz (Oceano Pacífico).

 Aspectos humanos

      Na América Andina predomina o elemento mestiço do branco europeu (colonização espanhola) e do indígena (lembrando a importante presença de uma civilização pré-colombiana nessa região: os incas). Evidentemente observamos exceções como o Peru e o Equador com maioria indígena. A religião predominante é a cristã católica. Na cultura dos povos andinos a influência indígena também é marcante. São países subdesenvolvidos com grandes desigualdades sociais internas e maioria de população muito pobre com baixa qualidade de vida.
      O Chile parece apresentar nas últimas décadas uma significativa melhoria em seu padrão de vida. A população concentra-se nas planícies litorâneas e nos altiplanos. As planícies orientais, na Amazônia, e a maior parte da Cordilheira, acidentada e elevada, constituem os vazios demográficos.
      Devido a um rápido e intenso processo de urbanização a região apresenta maioria urbana mas graves problemas sociais e de infraestrutura nas cidades decorrentes de uma urbanização recente e desordenada.

Aspectos econômicos

      A América Andina reúne países de economia primária mono-exportadora, principalmente de recursos minerais.
    São economias subdesenvolvidas dependentes de tecnologia e capitais e das cotações dos produtos primários no mercado externo.
      A Venezuela tem como destaque o petróleo, explorado pela PETROVEN no baixo curso do rio Orenoco e na região do Lago Maracaibo.
  É grande exportadora e membro da OPEP.
 Secundariamente poderíamos destacar o minério de ferro e o café. Sua renda per capita  mais elevada em comparação aos outros países andinos deve-se aos recursos obtidos pela exploração de petróleo, mas a renda é mal distribuída e a pobreza é expressiva nesse país.
      A Colômbia é o segundo maior produtor e exportador de café no mundo,concorrente direto do Brasil nesse mercado. Exporta petróleo mas não é membro da OPEP.  
      Enfrenta graves problemas internos com a produção de drogas e com o narcotráfico, atividades que se tornaram significativas na economia desse país.
      O Equador é um país muito pobre e sua economia depende das exportações de banana e petróleo (já foi membro da OPEP). Recentemente eliminou sua moeda, o sucre, em favor da adoção do dólar.
      O Peru apresenta uma pauta de exportações mais variada mas igualmente dependente de produtos primários: prata, petróleo, pescado (favorecido pela Corrente deHumboldt), ferro, chumbo e algodão.
      A Bolívia é exportadora de estanho e gás natural (gasoduto Brasil-Bolívia) e está aumentando sua produção de petróleo. Utiliza-se do porto de Santos para seu comércio exterior. Também enfrenta problemas com o narcotráfico.
     O Chile apresenta a economia mais aberta e estável da região e de toda a América do Sul.
      No norte do país destacam-se as atividades mineradoras como o cobre, principal produto de sua economia. A região central, de maior concentração populacional, apresenta a produção de cereais, frutas e concentração industrial.
      No sul atividades turísticas, exploração madeireira e agropecuária. A produção pesqueira também é grande favorecido pela mesma Corrente de Humboldt. É exportador de vinho, azeite, pescado, cobre e tem procurado diversificar mais sua economia com o desenvolvimento do setor industrial.
      Tem se caracterizado por uma economia muito aberta aos investimentos externos e busca associar-se ao NAFTA enquanto espera maior evolução do MERCOSUL e a possível criação da ALCA.  Apresenta os melhores indicadores sociais e o melhor IDH da América do Sul.

Problemas e atualidades

      Politicamente é ainda uma região instável com democracias frágeis,resquícios de períodos ditatoriais e rumores de novos golpes de Estado,corrupção e envolvimento de governos com grupos narcotraficantes. Nas fronteiras da Venezuela com o Brasil observam-se problemas de contrabando de ouro envolvendo a prisão de brasileiros que invadiram o território venezuelano para extrair ouro ilegalmente.
      A Colômbia enfrenta o poder de cartéis de narcotraficantes que influenciam sua política interna, movimentam muito dinheiro e, devemos reconhecer, criam muitos empregos e renda para a pobre população desse país. Monta-se atualmente uma ação militar conjunta da Colômbia e EUA para o combate ao narcotráfico (Projeto Colômbia). Outros governos sul-americanos argumentam que esse combate deve ser feito por um plano integrado dos países da região e, claro, existe muita resistência à intervenção militar norte-americana: o combate ao narcotráfico poderia ser um pretexto à internacionalização da Amazônia. Evidentemente, deve-se pensar nos milhares de colombianos que vivem dessa atividade. O combate à produção e ao tráfico vai lançar muitos habitantes desse país no desemprego e em uma pobreza ainda maior.
      São necessários investimentos que criem alternativas de atividades econômicas para o sustento dessa população.
      O governo colombiano também enfrenta a atuação de grupos guerrilheiros como as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, o grupo M-19 e o Exército de Libertação Nacional (ELN).O governo peruano também tem combatido ferozmente grupos guerrilheiros no país como o Sendero Luminoso. O combate para eliminar o poder desses grupos rendeu vários mandatos ao ex-presidente Alberto Fujimori, acusado de um autogolpe de Estado e de governos envolvidos em escândalos de corrupção. Até mesmo o estável Chile tem se envolvido em discussões sobre a participação e comando do General Augusto Pinochet na ditadura instalada na década de 1970. Partidários do ex-ditador tentam defendê-lo de acusações no Chile e fora do país que visam condená-lo por atitudes de desrespeito aos direitos humanos e outros crimes cometidos durante a ditadura chilena. A queda no crescimento da economia chilena, dentro desse quadro político, pode trazer novas instabilidades a esse país.


6 – AMÉRICA PLATINA

      Formada pela Argentina, Uruguai e Paraguai localiza-se na porção sul da América do Sul em grande parte abaixo do Trópico de Capricórnio.    
      Vamos conhecer suas características.

      Aspectos naturais

      A unidade geográfica dessa região é garantida pela Bacia do Prata ou Platina, formada pelos rios Paraguai, Paraná e Uruguai. Esses dois últimos terminam juntos no Estuário do Prata, entre a Argentina e o Uruguai,despejando suas águas no Atlântico.
      O rio Paraguai é um afluente do rio Paraná. O relevo da América Platina é composto por uma cordilheira na porção ocidental, nas fronteiras com o Chile: os Andes, dobramento moderno com elevadas altitudes. No sul da Argentina destaca-se o Planalto da Patagônia e,dominando a região, encontramos planícies como a do Chaco, ao norte, sujeita a alagamentos, e a dos Pampas, com solos férteis, ocupando extensões consideráveis no Uruguai e Argentina. O clima varia desde o tropical ao norte ao desértico frio na Patagônia,passando por áreas subtropicais nos Pampas e de montanha nos Andes,também caracterizado pela baixa pluviosidade. As vegetações incluem as estepes no sul, florestas tropicais e savanas ao norte, campos ou pradarias nos Pampas e Florestas de Pinheiros.

 Aspectos humanos

      A América Platina apresenta maioria de cristãos católicos, predomínio de brancos na Argentina e Uruguai e mestiços e indígenas no Paraguai. Encontramos maioria de adultos e de população urbana na Argentina e Uruguai e maioria de jovens e população rural no Paraguai. A Argentina e o Uruguai apresentam um padrão de vida e um IDH elevados, assim como o Chile na América Andina. Apesar disso enfrentam problemas sociais e econômicos. O Uruguai já não é mais considerado a Suíça da América do Sul como foi no passado.
      O padrão de vida na Argentina também tem declinado devido às sucessivas crises econômicas, apresentando hoje um elevado índice de desemprego. Comparando-se esses dois países com o Paraguai percebemos que e sseúltimo apresenta um padrão de vida nitidamente inferior, sendo considerado um dos mais pobres da América do Sul. Seu IDH é baixo refletindo-se em maior analfabetismo e mortalidade infantil e em uma menor expectativa devida. Paraguai e Uruguai apresentam uma população reduzida e a Argentina tem um total de habitantes equivalente ao Estado de São Paulo. Observamostambém forte concentração populacional nas regiões metropolitanas de Buenos Aires e Montevidéu, com aproximadamente 1/3 dos argentinos e uruguaios respectivamente.

Aspectos econômicos

      O Paraguai apresenta uma economia de base primária e uma industrialização muito limitada. A entrada de brasileiros no Paraguai, muitos como proprietários de terras, tornou esse país um exportador de soja, além de produzir outros gêneros agrícolas tropicais como o algodão e o tabaco. Também realiza atividades extrativas vegetais como a erva-mate e o tanino e o turismo ligado à atividade comercial especialmente na fronteira com o Brasil e a Argentina. A construção de usinas hidrelétricas em parceria com o Brasil (Itaipu) e Argentina (Iaciretá) permitiu ao Paraguai também se tornar um exportador de energia elétrica excedente no país. Nas savanas em sua porção oeste desenvolve também a pecuária. O Uruguai tem como base econômica à pecuária extensiva de corte, coma criação de bovinos e ovinos. Secundariamente destaca-se o cultivo de cereais como o trigo e o milho. As condições naturais dos Pampas facilitam muito essas atividades com o relevo aplainado e suaves ondulações, os solos férteis e o clima moderado. Sua indústria está diretamente ligada à produção agropecuária sendo as têxteis e as alimentícias as principais. O Uruguai é exportador de produtos como a carne, lã, couro e derivados. O turismo associado ao litoral e zonas de livre comércio como o Paraguai completam sua economia.
      A Argentina apresenta a economia mais complexa na América Platina. O norte do país, região do Chaco, produz gêneros tropicais (cana, algodão) além de atividades extrativas e também a pecuária. É a área tropical da Argentina,uma planície baixa sujeita a alagamentos. No sul, na Patagônia, destacam-se a criação de ovinos, cultivos irrigados e a produção de petróleo e gás (lembre-seque a Argentina exporta petróleo para o Brasil). Na porção oeste, junto aos Andes, destacam-se oliveiras e videiras (exportação de vinho) além da extração de carvão e petróleo. Entre os rios Paraná, Iguaçu e Uruguai está a região da Mesopotâmia, com produção de arroz, erva-mate, algodão, tabaco e com uma posição geográfica que pode lhe favorecer por estar em contato com os parceiros da Argentina no MERCOSUL: Brasil, Paraguai e Uruguai. A região dos Pampas, onde se encontra a Grande Buenos Aires, é a mais importante do país. Concentra mais da metade do rebanho argentino, destaca-se pela grande produção de cereais (trigo, aveia, milho, girassol) e pela forte concentração industrial (alimentícias, têxteis, mecânicas, siderúrgicas,automobilísticas ...). A Argentina é o terceiro país mais industrializado da América Latina, após o Brasil e o México.


TRABALHO SOBRE ESTADOS UNIDOS E CANADÁ


7 – REDES ILEGAIS NA AMÉRICA LATINA: ARMAS E DROGAS

      Estudo da Comissão Mundial para Políticas Antidrogas mostra que a "guerra às drogas" iniciada há quatro décadas pelo então presidente dos EUA, Richard Nixon, é um fracasso rotundo, contundente e irremediável. Bilhões de dólares e milhares de vidas mais tarde, a produção, o comércio e o uso das drogas ilegais continua crescendo a todo vapor.


      O maior mercado consumidor é os Estados Unidos, que consomem anualmente cerca de 165 toneladas de cocaína. A América Latina entra com a produção e os mortos. O artigo a seguir é de Eric Nepomuceno:
      Um estudo recente realizado pela Comissão Mundial para Políticas Antidrogas, que conta com o aval da ONU, chegou a uma conclusão óbvia, mas nem por isso menos eloquente: o que o mundo anda fazendo para combater o uso de drogas ilegais, a tal "guerra às drogas" iniciada há quatro décadas pelo presidente norte-americano Richard Nixon, é um fracasso rotundo, contundente e irremediável. E a razão de terem chegado a essa conclusão é simples: bilhões de dólares e milhares de vidas mais tarde, a produção, o comércio e o uso das drogas ilegais continua crescendo a todo vapor. Aliás, cresce tanto que hoje em dia cocaína e heroína custam muito menos do que custavam há vinte anos.


      Calcula-se que existam no mundo 270 milhões de usuários de drogas. Um Brasil e meio. Uma população 27 vezes maior que a de Portugal, quatro vezes e meio maior que a da França, seis vezes maior que a colombiana. Enfim, um número de pessoas que, reunidas, formaria o quarto país mais populoso do mundo.
      O maior mercado consumidor é os Estados Unidos, que consomem anualmente, segundo os cálculos mais fiáveis, cerca de 165 toneladas de cocaína. Em segundo lugar, mas avançando rapidamente, vem a Europa, que consome cerca de 124 toneladas anuais. Esses dois mercados são abastecidos basicamente pela produção latino-americana de cocaína, mais especificamente da região andina, ou seja, Bolívia, Peru, Colômbia e, em medida quase insignificante, Equador. A maior parte do que chega aos Estados Unidos passa pelo México, onde, aliás, se consome 17 toneladas anuais, deixando o Canadá, com suas 14 toneladas, para trás.
      Para a Europa, outras rotas são mais utilizadas, levando a cocaína latino-americana via África do Sul e, em muito menor medida, através do Brasil.
      Para a América Latina, esse mundo de droga produzida e negociada tornou-se um problema que em alguns países ameaça escapar de controle. Sabe-se bem da convulsão enfrentada pelo México, fala-se de como a Colômbia pouco a pouco procura voltar aos eixos, mas pouco ou nada se fala do que acontece nos países da América Central. Lá, pelo menos três países – El Salvador, Honduras e Guatemala – que mal se recompõem do flagelo de prolongadas guerras civis, correm o gravíssimo risco de se tornarem vítimas terminais do crime organizado pelo narcotráfico.
      Se economias aparentemente prósperas, se países que vivem tempos de bonança, enfrentam a ameaça de poderes paralelos formados pelos grandes cartéis de drogas, o que dizer de países pequenos, que mal cicatrizam as chagas de um passado recente? Vale recordar um estudo do Banco Mundial, indicando que, na América Central, o custo do crime e da violência corresponde a 8% do PIB da região.
      Muito se menciona a Colômbia como exemplo bem sucedido da luta contra o tráfico de drogas. Um exame mais sereno e meticuloso mostra que a realidade não é bem essa. Diminuiu, e muito, a violência, é verdade. Mata-se e morre-se hoje menos do que há dez ou quinze anos. O volume de drogas exportadas, porém, permaneceu praticamente inalterado. Uma série de fatores que são impossíveis de se reproduzir em outros países funcionou na Colômbia, que, além de drogas, exportou o caos – basta ver o que acontecia há dez ou quinze anos no México e na América Central, e o que acontece agora. Ou seja, cura-se aqui enquanto feridas são abertas ali e acolá.
      Resta ver, além do mais, que medidas os Estados Unidos pretendem tomar para impedir o fluxo de armas para os países exportadores de drogas. De cada dez armas aprendidas no México, sete saíram dos Estados Unidos. O governo colombiano detectou e apreendeu vários carregamentos de armas de pequeno calibre – revólveres, pistolas – despachados dos Estados Unidos pelo correio.
      A questão é vasta e profunda, mas até agora não conseguiu levar a trilha alguma que seja capaz de encaminhar, se não para uma solução, ao menos para um paliativo eficaz. E nesse mercado em franca expansão, nessa festança macabra, enquanto norte-americanos e europeus continuam pondo os usuários, os latino-americanos continuam pondo as drogas e os mortos. Na Colômbia, perdeu-se a conta. No México, pelo menos 42 mil nos últimos cinco anos, e caminha-se rápido para a marca dos 50 mil.
      Na América Latina, os produtores e exportadores de drogas são empresários bem sucedidos, sem dúvida. Lucram cada vez mais, e mostram que sabem defender seus interesses, não importa ao custo de quantas vidas.
      Pena que esses latino-americanos, empreendedores bem-sucedidos, tenham preferido manter seus negócios em nossas comarcas. Bem que poderiam seguir o exemplo dos plantadores de maconha na Califórnia. Lá, os empreendedores locais conseguiram um feito notável: hoje em dia, a maconha é o mais bem sucedido cultivo em todo o estado. Rende cerca de US$ 14 bilhões por ano. Plantam, processam, comercializam – e nenhum latino-americano morre por causa deles.

Fonte: Carta Capital

      Os países da América Latina gastam em média 2% do PIB com defesa – o menor percentual do mundo. Mas ao longo desta década, as despesas militares dos países da região aumentaram em 90%. Na ausência de guerras, o que explica um crescimento tão significativo e rápido? A resposta está no boom de commodities e nas tensões políticas, internas e externas, das nações andinas.

Chile: cobre e fronteiras

      Embora Hugo Chávez seja o nome que a maioria das pessoas associa à elevação dos gastos militares, o Chile é, proporcionalmente, o país da América Latina que mais despende recursos em armamentos, por volta de 4% do PIB. Uma lei da ditadura Pinochet destina 10% das receitas da estatal exportadora de cobre para as Forças Armadas. Como o preço do minério subiu muito na última década, os militares tiveram cofres cheios.
      As aquisições de armas foram motivadas pela persistência de conflitos de fronteiras entre Chile, Bolívia e Peru, que envolvem os territórios conquistados pelo primeiro país ao fim da Guerra do Pacífico, no século XIX. Apesar das disputas posteriores terem se limitado ao campo da diplomacia, ocasionalmente a retórica se torna bastante violenta.

Venezuela: petróleo e conflitos internos

      A ascensão de Chávez à Presidência, em 1999, coincidiu com a alta dos preços desse recurso natural – de menos de US$20 para quase US$150, por barril, às vésperas da crise financeira de 2008. O presidente canalizou parte dos lucros para dobrar os gastos com defesa. Ele procura justificá-los como necessários para proteger a Venezuela de um ataque dos Estados Unidos e escolheu a Rússia como principal fornecedor de equipamento bélico para escapar das restrições e pressões de Washington.
      Contudo, em grande medida, as novas armas atendem a objetivos de política doméstica: manter contente o segmento militar, crucial para a manutenção de Chávez no poder, e equipar as milícias que defenderiam o presidente no caso de outra tentativa de golpe, como a que sofreu em 2002.

Colômbia: aliança com os Estados Unidos

      Chile e Venezuela obtiveram recursos para a compra de armas a partir da alta dos preços do cobre e do petróleo, a Colômbia recebeu as verbas diretamente dos Estados Unidos. Em 1998, os dois países assinaram o Plano Colômbia, acordo pelo qual Washington cede cerca de US$1 bilhão por ano à nação andina, tornando-a sua terceira maior beneficiária de auxílio militar, atrás apenas de Israel e do Egito. A princípio, o dinheiro deveria ser usado somente para o combate ao tráfico de drogas. Mas após os atentados de 11 de setembro de 2001 e a eleição de Álvaro Uribe para a presidência colombiana, o fluxo financeiro passou a ser utilizado também para o enfrentamento às guerrilhas e grupos paramilitares.
      As Forças Armadas colombianas passaram por enorme expansão, para cerca de 200 mil pessoas – as maiores da região, após as do Brasil. Foram criadas unidades especiais para lutar contra as guerrilhas e comprada moderna frota de helicópteros para operações na selva. Os resultados se fizeram notar em uma série de ataques militares bem-sucedidos contra as FARCs. Os Estados Unidos anunciaram que ampliarão sua presença militar na Colômbia, em resposta aos choques com Chávez e também com o presidente do Equador, Rafael Correa, que negou autorização para que os EUA continuem a usar a base de Manta, em seu país.

Brasil: projeto de potência?

      Embora o Brasil se orgulhe de sua tradição de resolução pacífica de conflitos, e da ausência de disputas fronteiriças sérias com os vizinhos, no governo Lula houve um aumento de mais de 50% nas despesas com as Forças Armadas e a assinatura recente do maior acordo militar da história do país, com a compra da França de aviões de caça, helicópteros e submarinos (inclusive um de propulsão nuclear), com transferência de tecnologia.
      A retomada da política de defesa se explica pelas crises nas nações latino-americanas. Militares e diplomatas avaliam que o país precisa de Forças Armadas com mais capacidade de dissuadir eventuais agressores. Preocupações com a nacionalização dos hidrocarbonetos na Bolívia, as disputas com o Paraguai por Itaipu e os receios com Chávez que, embora tenha beneficiado o Brasil com diversos projetos econômicos, é visto com desconfiança pelo apoio que concede às guerrilhas colombianas. Também causa apreensão o aumento da intervenção militar dos Estados Unidos na Amazônia.
      A descoberta das gigantescas reservas petrolíferas no litoral brasileiro é outro fator importante. O controle do país sobre a área é garantido pela Convenção Internacional dos Direitos do Mar. Contudo, trata-se de um acordo diplomático que foi recusado por mais de 40 países, inclusive os Estados Unidos. Por isso, a Marinha se refere ao Atlântico Sul como a “Amazônia Azul”, região sensível e necessitada de atenção especial.
      As novas compras militares consolidam o Brasil como potência regional na América Latina. A mediação diplomática bem-sucedida na Bolívia, Colômbia, Equador e Venezuela reforça a imagem brasileira como um fator de estabilidade e moderação em meio aos conflitos andinos. A criação do Conselho Sul-Americano de Defesa segue a mesma lógica.
      Contudo, a América Latina continua a enfrentar problemas sociais sérios e o debate sobre a política de defesa na região persiste restrito aos especialistas, com pouca participação das sociedades e dos órgãos representativos, como os parlamentos. As principais beneficiárias da compra de armamentos são as grandes empresas dos Estados Unidos, da Rússia e da França e é preciso democratizar a discussão, para que as iniciativas dos governos reflitam as reais necessidades e interesses dos povos do continente.


8 – BLOCOS ECONÔMICOS NA AMÉRICA LATINA

MERCOSUL: Mercado Comum do Sul

      Criado em 1991, o MERCOSUL é composto por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, países sul-americanos que adotam políticas de integração econômica e aduaneira. A origem do MERCOSUL está nos acordos comerciais entre Brasil e Argentina elaborados em meados dos anos 80.
      A partir do início da década de 90, o ingresso do Paraguai e do Uruguai torna a proposta de integração mais abrangente. Em 1995 instala-se uma zona de livre comércio.
      Cerca de 90% das mercadorias fabricadas nos países-membros podem ser comercializadas internamente sem tarifa de importação. Alguns setores, porém, mantém barreiras tarifárias temporárias, que deverão ser reduzidas gradualmente.  Além da extinção de tarifas internas, o MERCOSUL estipula a união aduaneira, com a padronização das tarifas externas para diversos itens.
      Ou seja: os países-membros comprometem-se a manter a mesma alíquota de importação para determinados produtos. 
      Os países-membros totalizam uma população de 206 milhões de habitantes e um PIB de 1,1 trilhão de dólares. A sede do MERCOSUL se alterna entre as capitais desses países. Segundo cláusula de 1996 só integram o MERCOSUL nações com instituições políticas democráticas. Chile e Bolívia são membros associados, assinando tratado para a formação de zona de livre comércio, mas não entram na união aduaneira.

Associação Latino-Americana de Integração (Aladi)

      Primeira tentativa de integração, na América Latina, em 1960, com a criação da então Associação Latino-Americana para o Livre Comércio (Alalc), cuja proposta nunca realizada, era criar uma grande zona de circulação livre de mercadorias, sem incidência de impostos entre os seus países membros. Em outras palavras, seu objetivo era o de promover o comércio intra-regional entre seus países membros e o estabelecimento de um mercado comum latino americano.
      Pelo Tratado de Montevidéu, de 1980, a Alalc foi transformada em Aladi, para dar continuidade ao processo de integração econômica.
      É formada por 12 países: Bolívia, Equador, Paraguai, Chile, Colômbia, Cuba, Venezuela, Peru, Uruguai, Argentina, Brasil e México.

Caricom

     
A CARICOM, antiga Comunidade e Mercado Comum do Caribe e atual Comunidade do Caribe é um bloco de cooperação econômica e política, criado em 1973, formado por quatorze países e seis territórios da região caribenha.
Estabelecido em 4 de Julho de 1973 pelo Tratado de Chaguaramas (Trinidad e Tobago) e com sede em Georgetown (Guiana), a CARICOM veio substituir a CARIFTA (Associação de Livre Comércio do Caribe), que existia desde 1965.
Países-membros: Antígua e Barbuda, Bahamas, Barbados, Belize, Dominica, Granada, Guiana, Haiti, Jamaica, Santa Lúcia, São Cristóvão e Névis, São Vicente e Granadinas, Suriname, Trinidad e Tobago.
Territórios associados: Bermudas, Montserrat (1974), Ilhas Virgens Britânicas, Turks e Caicos (1991), Ilhas Caimán, Anguilla (1999).

MCCA

      O Mercado Comum Centro-Americano, ou somente MCCA, foi criado em 1960 e é formado até hoje pelos países fundadores Costa Rica, Guatemala, Honduras, Nicarágua e El Salvador.
      Nasceu da tentativa de promover a paz na região, afetada por graves conflitos bélicos, como a Guerra do Futebol.
      Em 4 de junho de 1961 foi assinado o Tratado de Integração Centro-Americana com o objetivo de criar um mercado comum nessa região.
Na mesma época foi criado o Parlamento Centro-Americano (Parlacen) e a Corte Centro-Americana de Justiça, que ainda não possui caráter permanente.
Hoje, os Estados-Membros do MCCA designaram um grupo de trabalho para preparar o processo de constituição da União Centro-Americana, nos mesmos moldes da União Européia.

Comunidade Andina

      A Comunidade Andina de Nações é um bloco econômico sul-americano formado pela Bolívia, Colômbia, Equador e Peru (Venezuela deixou o bloco). O bloco foi chamado Pacto Andino até 1996 e surgiu em 1969 com o Acordo de Cartagena.
      A cidade-sede da secretaria é Lima, no Peru.
A comunidade andina possui 120 milhões de habitantes, em uma área de 4,700,000 quilômetros quadrados, com um produto interno bruto nominal de 280 bilhões de dólares.
      Em 8 de Dezembro de 2004, os países membros da Comunidade Andina assinaram a Declaração de Cuzco, que lançou as bases da União de Nações Sul-Americanas, entidade que unirá a Comunidade Andina ao Mercosul, em uma zona de livre comércio continental.

Membros atuais: Bolívia (desde 1969), em processo de se integrar ao Mercosul.
Colômbia (desde 1969), na estrutura da Unasul e membro associado do Mercosul.
Equador (desde 1969), na estrutura da Unasul e membro associado do Mercosul.
Peru (desde 1969)
Membros associados: Argentina (desde 2005), na estrutura da Unasul.
Brasil (desde 2005), na estrutura da Unasul.
Chile (membro oficial de 1969-1976, observador 1976-2006, membro associado desde 24 de novembro de 2006, quando foi assinada a "Ata de Constituição da Comissão Mista entre a Comunidade Andina e o Chile" - é o primeiro passo para o retorno do Chile ao bloco, inclusive porque, nesta mesma Ata, criou-se um grupo de trabalho para pensar nas formas de representantes chilenos passarem a integrar os órgãos do bloco).
Paraguai (desde 2005),na estrutura da Unasul.
Uruguai (desde 2005), na estrutura da Unasul.


9 – ATUAL PAPEL DOS PAÍSES LATINO-AMERICANOS NO CENÁRIO POLÍTICO E ECONÔMICO MUNDIAL
     
      Na América Latina, o modelo de industrialização adotado foi o de industrialização via substituição de importação, um processo de desenvolvimento parcial – onde a base exportadora é mantida – e fechado – com setores industriais voltados para o mercado interno – que, respondendo a restrições do comércio exterior, procurou repetir, aceleradamente e com condições históricas diferentes, a experiência de industrialização (ampliação e diversificação da capacidade produtiva industrial) dos países desenvolvidos. Esse processo de industrialização foi uma resposta aos desafios postos pelo estrangulamento externo, na visão dos exogenistas (TAVARES, 1973, FURTADO, 2002), mas teve determinantes internos importantes na visão dos endogenistas. (CARDOSO DE MELLO, 1982).
      A industrialização tardia, com base na substituição de importação, é característica dos países latino-americanos, assim como a difusão do padrão fordista de produção. Esse processo de desenvolvimento industrial contribuiu para acelerar o movimento de migração do campo para a cidade. Mas, ao contrário dos países avançados, a indústria absorveu pouca força de trabalho gerando um elevado nível de desemprego da mão-de-obra não qualificada e acentuando a desigual distribuição de renda nas áreas urbanas dos países dessa região.
      O mercado de trabalho latino-americano, em especial o brasileiro, era caracterizado pela ampla heterogeneidade e forte fragmentação quando se inicia o processo de acumulação flexível associada à reestruturação produtiva. Diferentemente dos países desenvolvidos, a modernização tinha gerado um grau de assalariamento relativamente baixo, poucas mudanças na organização social – os sindicatos não tiveram tanta força para reivindicar um maior grau de ocupação assalariada – e não conseguira resolver os problemas estruturais (questões agrárias, regionais, urbanas e sociais) que caracterizavam esses países. (DEDECCA E BALTAR, 1997). Com o aprofundamento das transformações que ocorrem no capitalismo no final do século XX, associado à crise da dívida da década de 1980 e a inserção intensa no neoliberalismo, na década de 1990, um forte processo de desestruturação ocorrerá nos mercados de trabalho da América
Latina.
      Em um cenário recente de crescimento econômico mundial, que vai de 2000 até 2007, merece destaque a participação dos países em desenvolvimento, em especial a China e a Índia, e o surgimento de novas oportunidades para os países latino-americanos, no cenário econômico mundial.
      As transformações do capitalismo no final do século XX em meio a crise aprofundada pelo choque do petróleo (1973), geraram, a partir da década de 1970 e 1980, uma grande reestruturação econômica e reajustamento social e político que repercutiu no mercado de trabalho no mundo, especialmente nos países avançados.
      Esse processo de transformações pode ser compreendido pela afirmação de três grandes movimentos:

      i) O movimento de globalização, um processo de internacionalização do capital. Há um movimento antigo nessa direção, mas é no final do século XX que este movimento se firma e se consolida cada vez mais. Ele marca, na verdade, uma mudança no mundo: a existência de alguns atores econômicos, hoje, que têm condição de operar em escala global. Estes não só têm porte, tamanho, como têm meios. O que leva a um aumento das inter-relações entre os espaços econômicos com crescente difusão de padrões hegemônicos de produção, tecnologia, organização e consumo. Observando-se uma tendência a homogeneização desses padrões.
      ii) O movimento de reestruturação produtiva, modo do capitalismo rearrumar-se para tentar sair da crise. Esse processo de mudança de um modelo de produção fordista – com grande rigidez da cadeia produtiva, ampla predominância do emprego assalariado, presença da regulação do Estado e um ambiente de intensa participação dos sindicatos – para o de “produção flexível”, chamado por HARVEY de acumulação flexível.

“Ela (acumulação flexível) se apóia na flexibilidade dos processos de
trabalho nos mercados de trabalho, dos produtos e padrões de consumo. Caracteriza-se pelo surgimento de setores de produção inteiramente novos, novas maneiras de fornecimento de serviços financeiros, novos mercados, e, sobretudo, taxas altamente intensificadas de inovação comercial, tecnológica e organizacional. A acumulação flexível envolve rápidas mudanças dos padrões de desenvolvimento desigual, tanto entre setores, como entre regiões geográficas, criando, por exemplo, um vasto movimento no emprego no chamado ‘setor de serviços’, bem como conjuntos industriais completamente novos em regiões até então subdesenvolvidas ...” (HARVEY, 1992 p.140).


Na reestruturação produtiva ocorrem, segundo Araujo , “mudanças nos setores dinâmicos da economia mundial (cresce a importância de setores ligados às tecnologias da informação, às telecomunicações, à robótica, à produção de novos materiais, entre outros); mudanças no ‘como se produz’ e que resultam, sobretudo, da revolução científico-tecnológica produzida pela crescente hegemonia do paradigma micro-eletrônico, que quebra a cadeia fordista e cria as condições para a “produção flexível”; mudanças nas  formas de organizar e gerir a produção; mudanças na organização do mercado de trabalho; mudanças nas formas de organizar o mercado de bens intermediários e finais, com a tendência à formação de grandes ‘blocos’, entre outros.” (ARAUJO, 2000)

      iii) Movimento de financeirização, que intensifica a possibilidade de acumulação de riqueza na esfera financeira. Os agentes produtivos, diante da crise da acumulação na esfera produtiva, deslocam crescentemente suas aplicações para ativos financeiros (ações, moedas, títulos, entre outros). Paralelamente, a crescente desregulamentação das transações da esfera financeira passaram a potencializar a acumulação rentista. Logo, o volume transacionado na esfera financeira ultrapassou de muito o valor das transações da esfera produtiva.

      Os três movimentos acima referidos estão relacionados e se interconectam construindo novas bases de operação do processo de acumulação capitalista com impactos relevantes na organização e dinâmica do mercado de trabalho.
      O movimento de globalização tem grande relação com o deslocamento espacial do emprego.
      já o movimento de reestruturação – o que tem maior impacto no mercado de trabalho – acaba com algumas profissões e cria outras, muda também os regimes e contratos de trabalho, tornando-os mais flexíveis. A financeirização, por sua vez, leva a predominância da acumulação rentista e, consequentemente, à perda de importância relativa da geração de riqueza na esfera produtiva, o que leva a diminuição do crescimento da oferta de postos de trabalho. E essa tendência se instala ao mesmo tempo em que avança a acumulação flexível no mundo da produção material.





2 comentários:

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